24 de dez. de 2012

O TERCEIRO TRAVESSEIRO


parte 2...

Na mesma noite, meu celular toca, mais um cliente chama, parecia impaciente e de certa forma grosseiro. Como o local era perto de onde eu estava, resolvi atende-lo. Sua indicação na agenda do meu celular era intitulada de “Loiro”; Então, confiando no meu sexto sentido o qual às vezes falha, resolvi arriscar... Sou do tipo de cara que gosta de bater um papo antes de me aventurar em qualquer transa, mesmo que remunerada. Tenho para mim que ambas as partes merecem e devem se satisfazer ou no mínimo ter alguma afinidade que se encontre na cama. Mas todo acerto também tem uma margem de erro.

Chegando ao prédio indicado, apresentei-me na portaria, com acesso liberado me dirigi ao elevador. Lá estava eu, subindo, subindo e subindo... Almejando chegar em algum lugar... Porta branca, olho mágico, campainha, vozes, mãos contraídas uma na outra e finalmente a porta se abre. Uma figura um tanto estranha abre a porta.

- Poxa, já ia desistir!
- Prazer, Eduardo. Me perdi para achar o prédio. – Foi o que consegui dizer...

Na sala do apartamento vejo outro rapaz deitado no tapete com algumas latas de cerveja e então me dou conta de que ambos estão levemente embriagados.
Rubens me convida para ir ao quarto, trocamos algumas palavras enquanto nos despíamos, deitei na cama e fiquei a sua espera. Ele então deitou-se de barriga para cima e me puxou para si, quis me beijar. Naquele instante ao aproximar nossas bocas senti em seu hálito o gosto de cerveja e confesso que quis sair logo dali, pois não bebo, apenas socialmente e não me agrada em nada o sabor de cerveja, assim como sabor de cigarro.

E como uma hierarquia estabelecida, pois eu estava ali para servi-lo ele mandou:
 - Chuva meu pau!

Eu o fiz, mamei-o por alguns minutos, seguindo um roteiro com beijos pelo corpo, caricias e toques, a fim de contornar o desconforto que sentia por estar ali. Não que o cara não fosse higiênico, pelo contrario, o quarto era muito organizado, ele estava de acordo, porém o toque de embriaguez me incomodou.
De bruços, Rubens passou gel, meteu seu dedo em minha bunda e deitou-se em cima de mim. E começou meter com voracidade, parecia algo mecânico e ao mesmo tempo com certa irá. Desejando que ele acabasse e gozasse logo, soltei meu corpo na cama e relaxei o máximo que pude. Ouvi então seus gemidos de prazer momentâneo, até que ele soltou seu corpo em cima do meu por um tempo ali. Foi uma transa rápida porém tensa, sem muito envolvimento.a

Rubens levantou-se e foi ao banheiro. Enquanto isso, como eu queria ir embora depressa eu me limpei e peguei minhas roupas. Conversamos um pouco, ele disse-me que curtia tudo e que prazer para ele era ter o pau em pé, fora isso ele não era dado muito a troca de caricias. Quis saber se eu teria agenda pra ele todas às segundas-feiras, pois era sua folga e gostaria de me chamar mais vezes. Eu disse que sim, mas pensei se o atenderia novamente...

Terminei de me arrumar e ele quis me acompanhar até a portaria do prédio, o elevador chegou e sem espelhos pude ver um outro Rubens, sem armaduras, na verdade um cara frágil. Seu companheiro de anos havia falecido num acidente de carro. Desde então, ele passou a sentir o gosto amargo de tudo. Mudou-se de apartamento para atenuar as lembranças, recolheu os porta-retratos espalhados pela sala e quarto e mergulhou de cabeça no trabalho. O elevador chegou e na portaria do prédio nos despedimos.

No caminho de volta para casa, percebi que criamos uma casca protetora para enfrentar a vida. É realmente difícil recomeçar quando não se tem muita vontade; Porém, recomeçar é preciso... As pessoas vem e vão em nossas vidas, algumas delas nos deixam muitas saudades, mas creio que sempre há um plano maior do que almejamos, mas isso só se descobre seguindo em frente.
Ao chegar em casa recebi um sms de Rubens, dizendo que havia gostado muito e perguntando se eu havia chegado bem... Algo que confesso não ter esperado, afinal sua armadura parecia instransponível... Vejo que me enganei...


O garoto errado

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