8 de fev. de 2018

O SEXO NA ARTE



RETOMADA
Muitos meses se passaram desde minha ultima publicação no meu diário virtual O GAROTO ERRADO. O distanciamento ás vezes se faz necessário para que possamos seguir nossas vidas, assim têm sido com Eduardo.
Muitos ainda me escrevem, cobram novos relatos e histórias, é como se a interrupção por aqui significasse o fim, mas alerto que não. Eduardo habita em mim como uma chama acesa e as histórias acontecem no curso da vida, o motivo da pausa é a falta de tempo para me dedicar a tantas coisas. A vida segue e com ela nossos planos, felizmente novos trabalhos estão surgindo, muitos projetos, freelas, parcerias profissionais, e claro, os estudos, muitos estudos, afinal, as habilidades de um garoto de programa vão além do bom sexo, ser um SAPIOSEXUAL é também uma maneira de dar prazer ao parceiro, em meu caso procuro unir os prazeres da carne aos prazeres do intelecto.
Feito as honras da casa retomo meu diário virtual com um texto da minha temporada em São Paulo, realizada ainda em 2017, na ocasião escrevi mas até o momento não havia publicado.

SOBRE 2018
Não posso garantir, mas pretendo ser mais presente aqui no blog, contudo, ao que tudo indica 2018 será um ano muito produtivo profissionalmente, no qual irei alçar novos voos. Neste período recluso vivi muitas histórias, conheci pessoas e descobri mais sobre mim e Eduardo.
Gostaria muito de reunir os textos deste diário em algum lugar, debater e revelar coisas que só eu sei e realizei para sobreviver como GP num mercado tão competitivo e efêmero, mas isto requer estudo e reflexão, pois pressupõe me expor de forma diferente, não sei se estou pronto pra isso, mas se o fizer gostaria de um registro onde as pessoas em geral olhassem a prostituição sem o véu da hipocrisia, afinal, sexo nunca foi um problema, o problema é o peso que colocamos no ato sexual.  O certo é que se este plano se concretizar a ideia é trazer fatos ainda desconhecidos e não imaginados por muitos.  Enquanto isso, sigamos trocando experiências por aqui.


O SEXO NA ARTE
O sexo é o consolo que a gente tem quando o amor não nos alcança. [Gabriel García Márquez]

A relação entre arte, sexo e prostituição andam em linhas sinuosas que se cruzam a todo momento, basta estudar o contexto histórico de alguns séculos que será possível encontrar tal relação registrada em livros, quadros e poesias. Em temporada a São Paulo me permito fugir para alguns passeios e alimentar minha alma fora do quarto e dos lençóis onde passo a maioria do tempo com desconhecidos, aliás, a fuga é necessária para manter a sanidade mental.

Desta vez voltei ao MASP para visitar a exposição LAUTREC EM VERMELHO – que traz 75 obras do artista plástico Henri-Marie-Raymonde de Toulouse-Lautrec-Monfa  - mais conhecido como Toulouse Lautrec. Certamente muitas pessoas não o conhecem profundamente, mas em algum momento da vida já se deparou com sua obra. Lautrec foi um artista boêmio que viveu grande parte de sua vida em cabarés e casas fechadas, chamadas de Maison Close no século XVIII. Com forte traço em retratar a vida cotidiana das mulheres que lá viviam e de seus clientes, Lautrec pintava a fim de capitar a atmosfera e a intimidade das mulheres prostitutas daquela época.

As Maison Closes, em francês – eram bordéis que existiam oficialmente, numa época em que a prostituição era encarada como um mal necessário, capaz de acalmar os ânimos masculinos e assim preservar a “pureza” e castidade das mulheres solteiras e a ordem pública. Naquela época, e ainda hoje o machismo era muito forte e ao homem era permitido que este buscasse no sexo diversão e prazer, enquanto as mulheres era imposto a castidade como triunfo para honra e pureza. Ainda sim, as mulheres libertárias que se tornavam prostitutas ou lavadeiras eram recriminadas por transgredir a ordem das coisas em ter no homem o tutor responsável por manter a casa e a família.

Como podem notar, a prostituição tem sua parcela e peso em todas as sociedades e ainda continua discriminada por grande parte da população, por acreditar e desmerecer sua importância em pleno século XXI. Pois bem, em observação as obras de Lautrec mais do que cores e o falso luxo de uma época em que os prostibulos tinham certo requinte é possível notar os olhares perdidos e a angustias das mulheres retratadas.

Lautrec era frequentador das Casas fechadas e amigo dessas mulheres e cafetinas, tendo passe livre para transitar e retratar em suas obras o cotidiano dessas mulheres. Em seus quadros é possível notar momentos informais como, a espera pelos clientes, os momentos a mesa durante as refeições, a intimidade no sexo entre elas, a amizade e a exaustão. Seu traço é capaz de transportar o observador para dentro dos quartos.

Entre as pinturas, uma me chamou atenção, intitulada como “SEULE [SÓ] “-  como traz o informe do Masp diz o seguinte  “É o estudo para uma litografia que compõe o álbum sobre o cotidiano das mulheres. Uma mulher de roupas brancas está deitada na cama, suas pernas vestidas com meias pretas, pendem para baixo. Seu corpo parece se fundir com os lençóis como sés fossem feitos da mesma matérias, Isto é enfatizado pelo fundo castanho do cartão sobre o qual a pintura é feita, que une todos os elementos representados pelo artistas – a mulher, a cama, o lençol, o travesseiro, o quarto. As pinceladas de tinta. A carga emotiva – é um das mais fortes do artista. Uma possível leitura é da mulher finalmente a sós com seu corpo, seus pensamentos e sonhos. Mas a imagem talvez surgira de algo mais dramático: o retrato de uma mulher exausta, massacrada pela vida da prostituição, sujeita as regulamentações da polícia ao controle da dona do bordel, à competição com as outras mulheres e ao ciclo constante de clientes”.

SOBRE LAUTREC: Aos dezesseis anos foi estudar pintura com Léon Bonnat, professor rígido que não o agradava. Logo depois foi estudar com Fernand Cormon, cujo estúdio ficava nas ladeiras suburbanas de Montmartre, em Paris. É lá que Lautrec descobriu a inspiração que lhe faltava. Mudou-se para aquele bairro de má fama e encontrou seu lugar entre trabalhadores, prostitutas e artistas de caráter duvidoso. Começava sua nova vida.
Tinha habilidade em capturar as pessoas em seu ambiente de trabalho, com a cor e o movimento da pululante e opulenta vida noturna, porém sem o glamour. Usava muito vermelho, em geral de maneira contrastante, cabelos cor de laranja e a cor verde limão para traduzir a atmosfera elétrica da vida noturna. Era um mestre do contorno, podia retratar cenas de grupos de pessoas onde cada pessoa é individual (e na época podia ser identificada apenas pela silhueta). Frequentemente ele aplicava a tinta em uma estreita e longilinea pincelada, deixando a base (papel, tela) ou o contorno aparecer. Sua pintura é gráfica por natureza, nunca encobria por completo o traço forte do desenho. O contorno simples era a "marca registrada" de Lautrec desde o início da carreira como designer de cartazes. Não pintava sombras. Suas pinturas sempre incluíam pessoas (um grupo ou um indivíduo) e não gostava de pintar paisagens. O papel usado para os cartazes frequentemente era amarelo. Curiosamente o amarelo tornou-se a cor marca da prostituição. Segundo dizem no século XVIII com a recém chegada da luz elétrica as prostitutas vestiam “amarelo” para que pudessem serem vistas a noite.
Henri de Toulouse-Lautrec morreu prematuramente, aos 36 anos, no castelo de Malromé em Gironde. Entregue ao alcoolismo, apesar da excepcional popularidade de seus cartazes  publicitários e das numerosas litografias, o reconhecimento da importância estética... –




O garoto errado