15 de ago. de 2013

O CAVALEIRO SEM CABEÇA – OUTRA LENDA

As vésperas de mais uma temporada em SP, eis que a inspiração com trilha musical de tangos me rouba o sono para fantasiar uma história de forma metafórica sobre o que poderá se tornar minha viagem a capital. Espero que gostem, pois nos dias a seguir pretendo relatar meus programas como uma expedição do Cavaleiro sem cabeça na capital, um reino distante.


Diante de tantas realidades gratas e ingratas, eis meu primeiro conto de literatura fantástica [Eduardo White]


Na capital haviam muitos Cavaleiros que viviam do aluguel de seus corpos esbeltos e rostos esculpidos. Conta-se que esses Cavaleiros vindos de feudos distantes aportavam nas proximidades dos castelos, onde senhores pagavam por momentos furtivos de prazer e sexo; E nas camas de seus cônjuges bebiam da juventude dos jovens Cavaleiros. Entretanto, com o passar do tempo, os senhores passaram a desejar novos Cavalheiros, novos frescores e ocorreu uma quebra de protocolo. O reino então passou a converter os filhos de humildes camponeses também em Cavaleiros, porém muitos não mostravam resistência e porte, e o pior suas cabeças eram escondidas, ficaram então conhecidos como, os Cavaleiros sem cabeça e passaram a aventura-se pelo reino e suas selvas de pedras, com seus corpos em rostos distorcidos.

Rostos distorcidos? Perguntou o Mercador do reino

E o caos se instaurou entre os senhores.

Muitos Cavaleiros sem cabeça passaram habitar o reino e com algum êxito sobressaiam-se entre as camas e lençóis de seus senhores. No entanto houve uma conspiração e denúncias contra “os sem cabeça” diziam que eles extorquiam seus senhores ameaçando seus títulos e cargos, que não beijavam a rigor ou que não apresentavam-se como cavalos machos para o cruzamento. Do outro lado os sem cabeça desdenhavam dizendo:

Isso é à COMBINAR! Refém da preguiça é o senhor que não nos perguntar!

E quando tudo estava convertido em caos eis que surge mais um Cavaleiro sem cabeça; porém esse vinha de longe, era desconhecido.  Nunca ouviu-se falar sobre ele em todo reino. Dele só sabiam o nome, de seu rosto supunha-se somente a barba e nada mais, o que viam era somente seu corpo, nem pequeno e nem grande, mas em proporção sedutora por formas definidas e discretas e de seus pensamentos apenas sabiam palavras que pouco definam sua personalidade, contudo dentro ele havia uma alma inquieta.

Diziam que ele não tinha cabeça por não ter o que pensar;
Diziam que ele não tinha cabeça por não ter um rosto expressivo;
Diziam que ele não tinha cabeça por não sentir emoção;

O anúncio de sua vinda passou a atormentar o reino. E naquele mundo de cabeças, rostos e narizes esnobes era possível ver algo sem vida, corpos que conduzia sobre o pescoço um adorno com olhos e buracos por onde se respirava, se bebia e se comia. Cabeças que pensavam e estabeleciam regras a serem aceitas pela sociedade. Cabeças que definiam classes A, B, C e D. Cabeças que criavam leis, estatutos e punições.

Então, em carta aberta o Mercador disse a todos senhores:

Um cavaleiro sem cabeça é um ser sem sombra, sem persona. Um cavaleiro sem cabeça se assemelhava a um corpo sem vida!

Entretanto alguns ousaram dizer.

Oh, mas ele lembra Davi!

Enquanto outros rebatiam.

Mas até Davi que é uma estátua ostenta uma cabeça! 
Não vamos tolerar!
Exigimos uma cabeça já! Exigimos uma cabeça agora!
Exigimos ou não pagamos!
Exigimos uma cabeça!
Decretamos ODE AO CAVALEIRO SEM CABEÇA!

E mesmo indo contra as falas dos senhores do reino o Cavaleiro sem cabeça partiu para mais uma jornada. Desbravar a selva de pedras.
Ele terá uma breve passagem... A vinda do último Cavaleiro sem cabeça foi anunciada...



O garoto errado

garotoprivado@hotmail.com

2 comentários:

  1. Muito bom Eduardo ,sucesso vc é incrivel .

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  2. VC É SIMPLESMEMTE UM GENIO "FANTASTICO" ! MANDOU BEM! BEIJOS EU SOU SEU FÃ N°1. ROBSON INT SP

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