22 de dez. de 2015

SEXO E A REVOLTA DO GNOMO DA SORTE


É preciso possuir mais virtudes para manter a boa sorte do que para suportar a má sorte. [François La Rochefoucauld]
 
Todos nós em diferentes fases da vida temos um ritual ou um talismã que nos faz acreditar que a sorte estará ao nosso lado. Eu tinha um cliente o qual intitulava O GNOMO DA SORTE – Tal “apelido” não foi dado por mim, mas sim por um amigo que também é GP e havia atendido um senhor baixinho, grisalho, gordo, de nariz, mãos e dote grandes e relativamente peludo.
Foi um único encontro para que meu amigo se referisse ao cliente como GNOMO, apenas isso. Foi também um único encontro para que esse senhor não sentisse empatia e nunca mais procurasse meu amigo e direcionasse sua atenção a mim.

Após o encontro fatídico esse senhor soube da minha existência e resolveu me testar, posso dizer que nosso sexo sempre foi de muita energia física, cadenciado por alguns momentos mais tranquilos, com toque e beijos, mas na maioria das vezes esse cliente sempre exigia bastante de minha performance, a qual sempre cumpri como combinado, sendo ativo, passivo, proporcionando beijos, massagens, beijos gregos e chupadas por todo seu corpo peludo.

Foram dois anos tendo o GNOMO DA SORTE em minhas temporadas por São Paulo e a cada encontro ele ressalvava qualidades em mim que o faziam retornar. Num desses encontros ele disse: VOCÊ TEM ESTRELA.

Entretanto, porém, contudo e todavia, toda sociedade e acordo comercial pode sofrer abalos e dessa forma, nesta temporada final de 2015 eu perdi meu GNOMO DA SORTE. Tudo ocorreu da forma mais patética possível, mas um fato que confessor ter abalado parte do meu dia.
Após uma tarde com duas horas de sexo nas quais fui revirado pelo avesso, o senhor baixinho por fim gozou, foi para o banho e quando saiu no vapor suando trocou de roupa para me pagar, eis a surpresa, ele deixou sobre a mesa três notas que não davam a soma do cachê que já vinha sendo pago por ele a pelo menos um ano. Cuidadosamente o corrigi. Odeio passar por isso e foi a primeira vez que o fiz.

É... ainda faltam R$ 50,00. Disse
Você aumentou o cachê? Disse ele em tom surpreso.
Não, o valor é o mesmo, desde minhas últimas temporadas.
Mas da outra vez paguei essa quantia. Insistiu ele.
Não, você pagou o valor que citei agora. Disse olhando em seus olhos.
Você esta duvidando de minha palavra? Exaltou-se

Neste momento fiquei sem defesas e não quis dizer nada, mas eu estava certo, porém resolvi me calar. Bom, está bem, aqui esta! Tirou mais uma nota de R$ 50,00 e pôs sobre a mesa.
Ok, obrigado.

Abri a porta e o vi sair, saúva e aparentava nervosismo. Fechei a porta, deixei o dinheiro sobre a mesa e fui para o quarto incomodado com a situação. Pensava: “Ele foi meu cliente por dois anos e nunca havíamos tido esse problema e lá estava aquela fatídica situação”. Em minha memória vieram todos nossos encontros, temporadas e até o dia em que aquele senhor conheceu meu apartamento na rua Frei Caneca, época em que morei em São Paulo e já cobrava o cachê solicitado a ele. Não poderia me conformar com aquilo. Ele se sentiu injustiçado sem ser.

Conectei no skype, puxei seu contato e escrevi um breve relato rememorando nossos encontros e enfatizando os valores pagos, isso certamente iria provocar mais sua ira, mas eu não poderia me calar e deixar que ele erroneamente me tachasse de aproveitador ou duvidasse da minha palavra. Relato feito e enviado. Instantes depois o vi logar e ficar online, ele recebeu a mensagem, leu e sua sua resposta foi lacônica, apenas me bloqueou, sem dizer nada, mas ao menos leu o que escrevi.

Paciência, minha sensação de dever cumprido era plena, quanto ao meu GNOMO ele já não me pertence mais, ficou livre para escolher outro pupilo a abençoa-lo com toda sorte que os gnomos possuem. Dizem ainda que é raro vê-los, mas caso isso aconteça é por que algo em você é diferente e certamente muitas sorte estará presente em seu caminho.
Sem meu gnomo eu estou a mercê do acaso. Porém já é dezembro e como todo fechamento de ciclo novos ventos sopram a nosso favor. Ele poderá me amaldiçoar, se chatear e rogar até pragas, mas nunca poderá dizer que deixei de lhe proporcionar prazer, caso contrário nossa “relação comercial”  não duraria a vida de um trevo de quatro folhas.


O garoto errado
garotoprivado@hotmail.com

4 comentários:

  1. Não esquente... Cliente é assim mesmo, independente do ramo é sempre assim.
    Ficamos com bronca, mas passa. O importante é vc saber que está certo, e no dia que se encontrarem na rua, tenho certeza que ele vai te evitar.
    Abraços
    Derek

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  2. querido, vc vai fazer uma nova temporada em janeiro ?

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  3. Perde o gnomo (só pelo apelido "carinhoso" eu já ficaria revoltado) mas não perde a pose. Estão sobrando cliente, hem... tsc, tsc, tsc

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