Quando Deus
permite um pouco de amor a uma cortesã, esse amor, que parece em princípio uma
redenção, torna-se um castigo. Não há absolvição sem penitência. [Alexandre Dumas Filho]
O amor é o
sentimento mais puro que podemos sentir, a partir dele tudo muda, chegamos a
emburrecer em certos aspectos, porém o mesmo amor que alimenta pode matar. Como
uma chave que abri portas em nosso subconsciente, ele pode trazer muitas outras
emoções que desconhecemos e combinadas geram sentimentos e atitudes em série. O
amor é o sentimento que pode causar mais dor e sofrimento que podemos suportar.
A ideia de
que os opostos se atraem é um fato que a lei da natureza nos mostra
constantemente. Mas o que não é revelado é o que fazer quando esses opostos
iniciam o processo de auto repulsa, como a força de um imã que se repele com a
proximidade dos corpos, mesmo que você os force, mesmo que você os pressione, eles irão
se repelir. Assim eu e Miguel nos descobrimos, imãs com lados que se repelem.
Sem ter culpados
em nossa história, nossas realidades apresentavam contrastes na maneira de agir
e pensar e os embates pesavam a medida que nos conhecíamos mais a fundo. Não
que essas diferenças sejam determinantes para você encontrar seu par ideal,
porém, além do material nossas diferenças eram ideológicas e quando um casal
tem essas diferenças é preciso que ambos os lados cedam um pouco para que haja
um consenso. Mas no mundo de Miguel tudo se resolvia na moeda vigente, o vil dinheiro
e quem não podia acompanhar esse ritmo podia ficar para trás.
Mesmo assim
eu me apaixonei por ele e tentava me adequar ao seu mundo. Inseri Miguel em meu
circulo social, junto dos meus amigos fizemos coisas legais como ir a praia, ir
ao cinema, ao shopping, a baladas. Porém,
havia coisas que não faziam parte do meu mundo e sempre entravamos em conflitos
ideológicos por defender pontos diferentes.
Eu não sei
por que nos encontramos e o que nos moveu a nos envolvermos. Criados em mundos diferentes
tive uma vida cheia de limitações. Enquanto Miguel é filho de engenheiros, eu sou
filho de empregada doméstica, desde pequeno tive que escolher entre em ter o
que vestir e o que calçar, enquanto Miguel ganhava roupas e sapatos de marca. Comecei
a trabalhar aos 15 anos de idade, enquanto Miguel ainda vive à base de mesada.
Na idade de Miguel eu já me desdobrava entre trabalhar durante o dia e estudar
durante a noite parcelando minhas mensalidades da faculdade, ele por sua vez
dorme até 12h e cursa engenharia a noite.
Miguel era o típico
playboy criado a base de Coca Cola e sanduíches do MC Donald, acreditando
piamente que tudo se resolve na base do cash. Admito que uma vida com dinheiro
a disposição e conforto é muito melhor, porém depende da forma como você usa
isso. Tudo em excesso nos cega e nos limita a pensar.
Vou pedir ao
meu pai um intercambio de presente.
Vou me
matricular na Academia do Shopping e contratar um personal trainer.
Vou cobrar o
carro que meu pai prometeu...
Vou comprar!
Vou cobrar! Vou pedir!
Mesmo
estando junto de Miguel eu sentia me só, nossas diferenças eram mais fortes. Meu
mundo era muito mais simples que o dele, minhas prioridades não era ostentar o tênis
mais caro, o jeans de marca ou a balada da moda. Eu gosto das coisas com outro
sabor, outros valores, sobretudo nas amizades e no caráter das pessoas. Nossos
últimos encontros aconteciam na cama, onde o desejo falava mais forte, mas com
o tempo o brilho que eu via nos olhos de Miguel ao me ter em seus braços foi se
apagando...
se
apagando...
a...pa...gan...do
Eu sabia que
era uma questão de tempo. Até que em uma tarde de céu cinzento ele disse.
Quero
terminar com você...
Em estado de
letargia eu apenas consenti.
Tudo bem.
Entre uma
fala e outra ele pedia desculpa. Aceitei cada palavra, cada frase e cada entonação.
Tristeza? Eu
não senti. Não sei ao certo o que senti, mas sabia que não doía. Afinal, eu não o amava para sofrer, porém se me perguntarem se um dia eu senti amor por alguém, a reposta é sim. Mas foi um amor maldito que provocou tanta dor que anulou minha capacidade
de amar alguém de forma mais profunda, pelo menos por enquanto. A ti ofereço a superficialidade
num terreno tranquilo, onde eu posso arrancar qualquer intruso pela raiz. E assim
fiz com Miguel, pois para ele eu era apenas uma fatura de cartão de crédito já vencida, agora eu já não lhe servia mais...
Ser realmente
amado por uma cortesã é uma vitória muito mais difícil. No caso delas, o corpo
gastou a alma, os sentidos queimaram o coração, a devassidão arruinou os
sentimentos. As palavras que lhe dizemos, elas as ouvem há muito tempo; os
métodos que empregamos, elas já os conhecem e o amor que elas nos inspiram já
foi anteriormente vendido. As cortesãs amam por razões profissionais, e não por
motivos passionais. [Alexandre Dumas Filho]
O garoto
errado
garotoprivado@hotmail.com
Olá Eduardo, tudo bem? Acompanho o seu blog há 1/2 meses. Deparei-me com seu blog quando chequei seu perfil no Scruff e li que era gp e que tinha um blog onde escrevia sobre seus clientes e suas aventuras/desventuras. Por mais que eu saiba que eu jamais teria coragem de sair e fazer um programa com um gp, não por preconceito, mas por falta de fetiche mesmo, eu gosto muito de ler o que você escreve por aqui, principalmente devido a forma como você se expressa. Gosto muito. Desejo-te boa sorte com os perigos da profissão e as aventuras amorosas que possam te ferir no meio do caminho. Torço para que um dia você consiga se dar/doar a uma nova relação, caso isso seja algo que você realmente queira, futuramente. Um grande abraço e continuarei te acompanhando.
ResponderExcluirEngraçado... histórias assim, onde dois mundos colidem, parecem funcionar só em novelas e filmes. O bolsista se apaixona pela menina rica, e depois de muitos tapas e beijos, se acertam e vivem felizes para sempre.... Essa seria uma boa exceção pra regra da vida, rsrs! Enfim, divagações de um cara que nunca se apaixonou de verdade...
ResponderExcluirAssim como o colega aí em cima, passei a acompanhar e gostar do seu blog. Você tem talento com as palavras, e admiro seu trabalho. Também não tenho coragem de sair com um GP, nem tanto por medo, mas pela minha cabeça mesmo. Como dizem no mundo gay, sou bem "Alice", rsrs!
Abração e até!
Ao vasculhar a internet me deparei com esse blog que muito me chamou a atenção principalmente pela qualidade dos textos e o cuidado com o Português. Acho importante que o garoto seja educado e estudado, Ainda estou criando coragem para sair com um GP. Acho que você será o meu escolhido.
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