20 de dez. de 2013

NAVIO NEGREIRO E MALAS PRONTAS

O dinheiro representa uma nova forma de escravidão impessoal, em lugar da antiga escravidão pessoal. [Leon Tolstoí]

O ritual de uma viagem consiste em abrir o guarda roupa, escolher camisas, calças, cuecas, meias, sapatos, blusas, cintos e óculos de sol. Separar pasta e escova de dentes, fio dental, sabonete, shampoo, condicionador, creme e aparelho para barbear, creme corporal, protetor solar, protetor labial, pomada para pele, preservativos, gel lubrificante, dinheiro para estadia, cartões de crédito e passagens. Ufa... Mas a sensação de que sempre estávamos esquecendo algo sempre é presente.

De malas prontas embarquei para Campinas a fim de explorar outro mercado diferente de São Paulo. Me instalei em um flat na rua Barreto Leme, muito bacana, com quarto privativo, sala e cozinha equipados. Embora eu houvesse confirmado se era permitido receber visitas eu não sabia como os funcionários do flat iriam reagir com a demanda de clientes, se essa fosse grande. O certo era que eu arriscaria, pois não se tratava de uma rede grande como o hotel IBIS, onde o fluxo de entrada e saída de hospedes e visitantes sempre é grande. De uma forma geral a estratégia nesses casos é ser mais discreto e cordial possível, sobretudo com os funcionários. Fazer cara de poucos amigos como se o fato de você pagar a diária lhe desse o direito de ser arrogante não é um bom caminho. A fidelidade de um serviçal é preciosa nos momentos mais oportunos. Trate um camareiro como reles empregado e você estará fadado a um tipo de espionagem indiscreta, pior do que o sistema de câmeras, pois além de ser constantemente vigiado por ser o hospede chato e folgado seus lençóis e toalhas serão contatos a cada diária de sua estadia.

Isso faz lembra as histórias de senhores e escravos. Segundo alguns fatos os negros vingavam-se de seus donos cuspindo em suas comidas ainda nos tachos durante o preparo nos fogões de lenha. Servidos em pratos de porcelana e talheres prateados para seus senhores as inundices eram dissolvidas em sopas, tortas e quitutes, que para deleite dos senhores eram consumidos sem direito a ceder restos para os negros na senzalas. Era um senso de justiça velado contra o chicote nas costas...

Ao chegar em Campinas tive a agenda tomada por um cliente que havia estado comigo em São Paulo. Cassiano dessa vez ele fez questão de fechar um dia todo só para ele. Confesso que pra mim era algo inédito em temporadas, pois levo um tempo para me habituar ao hotel, gosto de chegar e ter um tempo solo, porém eu também não dispenso oportunidades, algumas podem ser únicas.

Cassiano é um rapaz de 21 anos, alto de pele bem clara e muito simpático. Ele havia me encontrado pelo meu blog e como bom leitor devorou tudo o que escrevi, sabia de todos os meus gostos a ponto de me lembrar de coisas que escrevi. Curiosamente ele tinha o hábito de durante a conversa ficar me encarando seriamente, como se me analisasse. Era um porre, mas era uma mania dele que embora eu respeitasse eu não pude me conter e brincar de forma irônica só para provocá-lo.

Lembra daquela brincadeira de quem aguenta ficar olhando no olho do outro sem rir? Perguntei a Cassiano.

Sim, lembro. O que tem?

Acho que você era campeão nisso né? Você não para de ficar me olhando e me analisando.

Ah Eduardo, gosto de ficar te olhando. Você não gosta?

Não é que eu não goste, mas é estranho você assistir TV ou fazer qualquer coisa com alguém que se volta para você e o fica olhando, olhando, olhando. Não acha? Rimos

Ta bom, vai, vou parar de ficar te encarando.

Isso ae...

A estadia com Cassiano foi bem agradável, ele me levou para conhecer o shopping Iguatemi e para jantar fora, fomos a uma pizzaria muito boa e tradicional na cidade, bebemos vinho, conversamos sobre família, amigos, viagens e quase que fechamos a pizzaria de tanto falar.

No sexo o rapaz era somente ativo e para minha surpresa ele tem uma bela ferramenta, ficamos bastante nas preliminares e depois ele foi para o abate, apesar da ferramenta bem dotada ele disse que possuía pouca experiência, então, fomos num ritmo mais tranquilo, mas após um tempo metendo e algumas posições eu não aguentei mais. Cassiano tem um pau muito grosso e com excesso de pele no prepúcio, isso de uma maneira geral dificulta a penetração. Segundo Cassiano ele irá fazer uma cirurgia para remoção desse excesso de pele e em fevereiro terá um novo brinquedo mais arrojado. Serei o primeiro a testar.

Após a partida de Cassiano eu pude abrir minha agenda e atender outros clientes. Campinas não tem um ritmo intenso como São Paulo, mas ainda sim apresenta um mercado interessante. Muitos homens entraram em contato comigo, atendi a um número relativamente expressivo de clientes.

Alguns clientes interessantes vieram pelo Grindr, como Robson, com estilo de homem comportado conversamos um pouco pelo grindr e depois pelo whats app. O recebi na recepção do flat e juntos subimos para o quarto. Ao chegar no flat ofereci água, ajustei o ar condicionado; Enquanto ele tirava seus sapatos na sala eu também me despi e fiquei só de cueca. Robson pareceu um pouco tímido, nos abraçamos e começamos a nos beijar, ele então se entregou ao momento e a pegação rolou deliciosamente. Muitos beijos, chupadas e afagos. Como Robson achou meu pau grande e grosso ele preferiu não ser passivo.
Ficamos na pegação e juntos gozamos batendo uma bela punheta. Houveram outros além de Robson e de Cassiano, mas confesso que me cansa escrever sobre transas, sexo é sexo. O que me chama atenção são os fatos que nos levam para a cama.

Campinas é uma cidade com potencial, mas como todo cenário novo é preciso explorar oportunidades, se fazer conhecer e claro, fidelizar clientes. Como de costume, sempre no último dia, já na rodoviária, horas antes de embarcar recebi algumas ligações. E claro, prometi um retorno em breve. Afinal sempre há um navio negreiro viajando, colhendo e deixando escravos pelas cidades. As correntes foram quebradas, mas a sede dos senhores por carne e sexo só aumentou. Vivemos um tempo onde algumas escravidões são consensuais e paga-se um preço por elas.

 Hoje a chibata que comanda é o capitalismo e já que não posso ir contra isso, jogo com a ideia de que é possível comprar meu sexo, mas não no momento em que se quer. Em tempos áureos o desejo de se ter um escravo branco era quase inacessível para muitos senhores e ainda continua sendo nos dias atuais.
Lembre-se, nunca trate um serviçal mal. Ele pode cuspir em sua comida.


O garoto errado

Um comentário:

  1. É infelizmente temos na sociedade pessoas que acham que, somente pelo fato de desembolsarem alguns reais, podem fazer o que quiserem ou que acharem de direito. Isso é soberba, imaturidade, e todas as outras palavras que souberem. Para algumas pessoas, não basta vc ter dinheiro, vc tem que pisar, humilhar as pessoas e com isso o soberbo acaba não prestando a atenção nas coisas simples da vida e que fazem muita diferença como POR FAVOR, DESCULPA, POSSO AJUDAR, COM LICENÇA e etc. Quem sabe que existe e conhece essas palavras e não as usam, tem grande probabilidade de ser um soberbo ou se, já não é.

    Mas como dizem por ai, um dia e´da caça e o outro é dos caçadores.
    Abraços Edu.

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