30 de jun. de 2013

MADRUGADA NO ESPELHO BRILHANTE

É noite, uma folha em branco diante da minha tela pede para ser preenchida.
Preenchida do que? Para que? Para quem?
Para você?
 VOCÊ?
Não... Para mim...

Um ano se passou e me vejo refém de Eduardo.  Será que eu conseguiria recomeçar do zero?
Recomeçar do início com uma nova identidade, onde eu pudesse apagar  as pessoas com quem me relacionei, as pessoas que conheço e que um dia esbarrei. É tanta gente...
Será que se eu mudar de cidade eu consigo recomeçar?
Será?
Será?
Quero apagar meu rosto.
Quero? Quero!

Eduardo não é mais bem vindo, mas eu não consigo manda-lo embora. Ele me puxa cada vez mais, cada vez mais para o fundo de mim mesmo e tenho a impressão que não consigo nadar até a minha superfície.  É difícil e cansativo.  Tentei definir Eduardo tantas vezes que hoje me confundo nele. O dia é a minha INERCIA, acordo em seu corpo, travestido em garoto de aluguel, pensando se alguém vai me ligar e querer me desvendar em sua cama. A noite é meu calabouço, onde a tela brilhante me traz a sensação de liberdade e com ela percorro salas, corredores e quartos com cheiro de sexo.
Os dias passam, as horas passam e não vejo o fim... Meu corpo gasta minha alma...

O garoto errado

 garotoprivado@hotmail.com

Um comentário:

  1. Pois é, rapaz. Acho que isso acontece com todos. Eu sou professor, e passo dez horas por dia dentro de uma escola. Lá eu sou assexuado, não bebo, não fumo, nunca usei drogas, reprovo qualquer tipo de desonestidade ou falta de ética e não falo palavrão. Às vezes fico louco para chegar em casa e poder ser eu mesmo. Mas quando chego, também não me sinto eu mesmo. A coisa se repete quando saio com os amigos, quando vou ao cinema, quando falo com um estranho na rua, quando estou trepando ou quando conto uma mentira.
    Tento tanto me adaptar ao ambiente em que estou inserido, que nem sei se sou alguma dessas facetas sociais, se sou a mistura de todas elas ou se não sou nenhuma. Acho que, de uma ou outra forma, todos nós assumimos múltiplas personalidades e corremos o risco de nos afogar dentro de uma delas. Meu maior medo é nunca descobrir quem realmente sou, ou acabar me tornando de fato uma dessas facetas que não me representa de todo.

    Gosto muito do seu blog, viu? Acho muito oportuna a sua proposta de humanizar uma figura que a maioria das pessoas tende a enxergar como um objeto. Leio sempre, mas é a primeira vez que comento.
    Abraço!

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