27 de mai. de 2013

SEXUALIDADE PROÍBIDA

Em meus programas eu costumo ouvir muitas histórias e muitas verdades. Verdade? Sim, hoje em dia todo mundo se sente um pouco dono dela. O que me leva a pensar que justificamos nossos meios para saciar os fins. Ser um garoto de programa me faz um privilegiado por conhecer muitos homens em suas intimidades. Em geral pensam que um prostituto está abaixo de qualquer ordem social, o pensamento comum nos classifica uma classe que não tem moral para julgar pessoas e isso faz de nós juízes sem crédito, perfeitos para ter corações e pensamentos abertos em nossas camas. É como ir a um confessionário, onde as mais escusas fantasias são reveladas. É conosco que muitos maridos, noivos e namorados confessam seus desejos e devaneios. É em nossa cama que a curiosidade busca ser saciada... Porém, há o outro lado...

O lado em que o cliente não sabe o que busca e consequentemente espelham seu drama e nós. Tem medo do que querem viver e a partir dai tornam-se carrascos de si próprio e espelham seus conflitos internos em nós. Confuso?

Muitos caras não são bem resolvidos com sua sexualidade, estão em constante conflito, com isso e camuflam seus desejos, porém, o desejo sempre ultrapassa barreiras do campo racional e cedo ou tarde esse cara vai atrás do que quer. Dado esse passo ele pode assustar-se e o reflexo natural disso é colocar-se fora e apontar o dedo para quem esta dentro, como uma anomalia da natureza.
Consequentemente me deparo com esse tipo de cara, que muitas vezes não sabe por que me procura, mas procura mesmo assim. É estranho... Já tive programas estressantes em que num quarto de motel, sofri com pressões psicológicas de homens frustrados que por sua vez me questionavam o por que da prostituição. Já me deparei com homens extremamente carentes que propõe namoro ou algo parecido com um caso secreto, entre outras histórias que parecem não ter fundamento.

A eles eu sempre mostro meu ponto de vista. Sou e estou bem resolvido com minhas decisões e constato que sexualidade é algo muito particular e ainda é um tabu para muitos homens. Entretanto continuará sendo um circulo vicioso e muitos irão continuar com suas vidas duplas, porém, enganando a si próprio, achando que quem leva uma vida dupla serei somente eu. Afinal, que crédito tem um prostituto?...

E quando o programa termina, naturalmente ele veste sua máscara, paga o programa e o motel e tudo volta ao normal... Pobre homem...

José é um cara jovem, boa aparência, bom emprego, tem um namoro estável com uma garota, aos sábados ele joga bola com os amigos, aos domingos ele vai a igreja, e zela muito por sua masculinidade, sendo exemplo para primos e amigos. Mas José esconde seus desejos reprimidos, sem que saibam José gosta de homens, sente desejos por corpos masculinos, por músculos e pelo volume nas calças alheias. Embora tente reprimir. José frequenta saunas masculinas em cidades como São Paulo, costuma ir em algumas baladas e gosta de curtir um darkroom (quarto escuro), onde a sacanagem rola solta. José também costuma chamar amigos que assim como ele curtem coisas diferentes e juntos promovem surubas. Claro que tudo isso na mais perfeita discrição. Quando José goza ele sente imenso prazer e não sente culpa por fazer parte daquele momento. José quase nunca se apaixona por seus parceiros, na verdade ele sente repulsa logo depois de gozar, afinal, muitos caras são anormais, querem manter contato com ele, mas ele não quer. José tem em mente que isso é errado e inaceitável. José não costuma pensar em sua namorada, somente quando essa liga para ele e cobra uma ida ao cinema ou shopping. Certa vez José estava com amigos em seu carro no estacionamento do shopping e não hesitou em apontar o dedo para um casal de garotos e disse em bom tom, “Da vontade de matar esses caras”... Era uma sensação tão boa ser superior em relação aos meninos que não ficavam no armário. Afinal, José era macho! Ele gosta de mulher, essa coisa de homem são apenas brincadeiras. Quando ele casar passa. E se não passar José continua no mesmo ritmo. José tem uma compreensão pequena de seus desejos, ele costuma ver muitos casos parecidos, mas o medo o impede de querer entender... Então, José vai vivendo e com isso se anulando, pois se ele der um vacilo, poderão apontar o dedo para ele... E ai tudo estaria perdido. E agora José?




O garoto errado

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