4 de abr. de 2013

JOYSTICK


Nada é mais falso que uma verdade estabelecida [Millôr Fernandes]

O corpo humano é dotado de formas que muitas vezes se confundem com objetos e formas. Depende do angulou, da luz, da sombra e outros elementos que podem confundir nossos olhos por alguns segundos... Mas fazer de um pênis um Joystick não estavas nos meus planos... definitivamente.

Joel ligou numa manhã de sábado, dizendo que viu meu anúncio e gostaria de saber se eu costumava viajar com clientes. Afirmei positivamente, então, ele prosseguiu na conversa e disse seu fetiche.

Eduardo, quero ir para um lugar de montanhas e ficar num quarto com um cara para apenas bater punheta, pegar em seu pau, ele no meu e ficarmos brincando, esfregando pau com pau, como se fosse um brinquedo. Não quero penetrar e nem ser penetrado. Não gosto de beijos e nem pegação. Entende?

A principio nada demais, passei meu preço e fechamos. Marcamos um ponto de encontro e instantes depois Joel me pegou. No carro ele mostrou em seu tablet alguns chalés que ficavam próximo a Pedra do Baú, em São Bento do Sapucaí, uma cidade turística, mas que fora de temporada era bem vazia.

Pegamos a estrada rumo aos tão sonhados chalés, após uma hora dirigindo, Joel quis parar para almoçar e assim o fizemos. Paramos num grande restaurante desses de estrada. Não haviam muitas pessoas, pois já passava das 13h da tarde. Havia um sistema selv-service e outro La carte. Joel então pediu frango a passarinho e momentos depois a garçonete foi servir em nossa mesa.

Já com o prato posto Joel experimentou um pedaço e parou logo em seguida.

Hum, mas isso ta puro sal! Olha só! Prova para você sentir! Ofereceu-me

Tirei um pedaço e coloquei no meu prato, cortei e provei. Não havia nada demais ao meu paladar. Porém Joel insistiu, chamou a garçonete para trocar o prato. Reclamou bastante e disse que não queria sal. A garçonete explicou que os pedaços fritos não foram “salgados” e mesmo assim pediria um novo prato. Minutos depois veio um novo prato fresquinho, Joel tirou um pedaço, colocou em seu prato, cortou e comeu...

Hum... Melhorou, mas ainda está salgado. Vai assim mesmo!

Enquanto Joel comia seu frango a passarinho, eu desejei me teletransportar de volta para a casa. Mas a merda já estava feita, agora era suportar o final de semana que me aguardava.

Continuamos a viagem e ao chegar na cidade fomos para a parte alta, das montanhas.  Do alto dos morros a cidade foi ficando cada vez mais pequena, até que chegamos aos chalés, eram bem confortáveis, com lareira e moveis rústicos de madeira.

Desfizemos as mochilas. Joel abriu as torneiras da banheira e a deixou enchendo para que logo fossemos curtir seu fetiche. Ficamos na cama estirados pelo cansaço da viagem, enquanto a banheira não terminava de encher.  Joel pediu para eu tira as calças e a cueca e fez o mesmo. E lá ficou ele pegando no meu pau, apertando, virando para um lado, para o outro, investigando cada parte. Assim tentei fazer com seu pau também, porém eu nem bem comecei e ele já foi me dando uma aula. Parecia que seu pau tinha pontos específicos para ser tocado.

Não! Não é para pegar com a mão toda. Olha, pega na cabeça e faz assim ( fazia um vai vem como quanto nos masturbamos, mas ele queria apenas na glande). E assim o fiz, passou um, dois, três, quatro, cinco minutos e eu já estava cansado de ficar só naquilo. Enfim, a banheira ficou pronta! Porém a tortura continuaria...

Ficamos eu e Joel dentro da banheira, lado a lado, ele com a mão no meu pau, brincando, apertando e mexendo para todas as direções; como se fosse m Joystick, para lá, para cá, para frente e para trás, isso quando não fazia um giro completo, como se jogasse um street fighter tentando soltar aqueles golpes mirabolantes. Já eu fazia o mesmo, só que com mais cuidado pautado pelas correções de Joel.

Não! Pega aqui! Olha. Isso, faz agora para eu ver... Assim...isso...

Nunca desejei que um programa acabasse logo. Era muito chato ficar na mesma coisa por horas e horas, aquela repetição parecia insana e deixava meu braço e pau doendo. Creio que ficamos umas cinco horas dentro daquela banheira; só pegando um no pau do outro.  Depois de horas paramos por que Joel quis gozar, socou uma punheta e gozou.
E assim caminhamos para o Domingo, logo de manhã enchi a banheira a pedido de Joel e ficamos na pegação de pau até o horário do almoço. Organizamos nossas mochilas e pegamos a estrada de volta.

No carro viemos conversando sobre temas como Família e trabalho. Joel disse que sonha em formar uma família. Em seus pensamos ele iria para de vez com seus fetiches por homens e constituir uma família. Em sua visão, homem que relaciona-se com homem é um pecado mortal. E aquilo que estávamos fazendo era apenas uma curiosidade que ele tinha.

Quanta ignorância, eu pensava...

Olha cara, eu creio que não tem nada demais. O fato de um homem se relacionar com outro pode ser muito saudável. Vai da cabeça de cada um. Pior na minha visão, é um cara que tem desejos secretos, como tesão por alguém do mesmo sexo. Mas que por pura convenção e medo, mutila seus sonhos e desejos para fazer algo que os outros querem e julgam aceito. Muitos apontam o dedo para mostra o erro do outro, mas não olham a si próprio. Tentei argumentar.

Mesmo dizendo nas entrelinhas que o que ele acreditava ser certo era fruto de preconceito e medo, ele insistiu e para não ficar chato e uma disputa de certo ou errado, eu nem me dei o trabalho de ficar argumentando. Afinal, são linhas de pensamentos diferentes, porém o radicalismo dele era tanto, que era impossível trazer outro ponto de vista. Chegando ao ponto onde eu desceria, Joel exerceu o que chamo de falso moralismo, para senti-se superior aos outros e aos pecados do mundo.

Boa sorte para você Eduardo. Que Deus lhe abençoe e lhe tire dessa vida.

O que dizer para um cara que não se aceita? Nada... apenas sorri um sorriso apático e olhando dentro de seus olhos pensei... Vida patrocinada por caras como você... babaca!


o garoto errado
garotoprivado@hotmail.com



Um comentário:

  1. O pior é ele pensar que este desejo que ele tem por homens vai acabar assim que ele casar... coitado vai fazer uma mulher infeliz...

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