No fundo, é isso, a solidão: envolvermo-nos no casulo da
nossa alma, fazermo-nos crisálida e aguardarmos a metamorfose, porque ela acaba
sempre por chegar. [August Strindberg]
Querida diarreia, a nova vida em São Paulo caminha pacata,
serena e sem grandes emoções. Parece que depois de toda correria em busca de um
lugar para morar o universo cessou sua briga comigo com uma trégua. Provisória?
Talvez... Dizem que janeiro por aqui é assim. Por enquanto tenho dias e dias de calmaria. Tudo muito estranho.
Aqui no Flat minha vizinhança parece mais uma empresa com
ritmo corporativo do que famílias morando em apartamentos. Sem falatório, sem
crianças correndo pelos corredores, sem cães latindo, quase sem vida. Pelo
menos nesse ponto a discrição prevalece.
Entretanto, foi tudo tão rápido... Peguei as chaves do
apartamento dia 11 de janeiro, e no dia 13 já tinha um cliente querendo
estreá-lo, ser o primeiro. Combinamos de nos encontrar no fim da tarde, lembro
que me atrasei por conta de uma chuva e nos encontramos quase na entrada do
prédio.
Poxa, legal seu apartamento. Disse Rodrigo, ao entrar no apartamento.
Bacana né? Mas eu ainda to montando, hoje eu trouxe a cama e
o sofá, mas ainda preciso comprar coisas de uso doméstico. Não tem nem cortina,
to improvisando com lençol. Expliquei.
Mas para uma pessoa ta ótimo, tudo novinho. Então, vamos
estrear seu apartamento mesmo?
Sim, você será meu primeiro cliente aqui.
Espero trazer sorte.
Vai sim... Vou tomar um banho rapidão. Pode ficar a vontade.
Ok.
Enquanto Rodrigo se ajeitava na sala improvisada eu me
preparava para o primeiro programa em meu apartamento. Ao sair do banho Rodrigo
se dirigiu ao Box enquanto eu arrumava o colchão com lençóis novos que havia
comprado.
Era minha segunda transa com Rodrigo, então tudo transcorreu
de forma tranquila, nos beijamos e nos chupamos num quase 69. Coloquei-o de
bruços e com minha língua fui explorando suas nádegas e passando ela lentamente
no seu cuzinho. Ele gemia com a cara no travesseiro e a cada linguada oferecia
mais ainda sua bunda para que eu chupasse cada vez mais. Com gel lubriquei bem
seu ânus e brinquei com alguns dedos, Até que fui penetrando-o devagar, com
paciência e calma.
Após penetrar Rodrigo por completo iniciei um vai e vem
devagar para que ele se acostumasse, soltei meu corpo sobre o dele e comecei a
acelerar o ritmo, mas não tão forte para que ele não reclamasse. Porém durou
pouco tempo, pois ele era mais ativo.
Que gostoso... Ta gostando? Perguntou Rodrigo. Agora deixa eu te comer um pouco?
Para começar eu preferi sentar sobre ele e controlar o ritmo
para me acostumar, depois de um tempo ele quis meter comigo de quatro e pode
brincar a vontade, bombando um pouco mais forte até gozar.
Após outro banho, Rodrigo vestiu-se, pagou o programa e foi
embora. Com meu cachê na mão eu ainda
caminhei pelo apartamento, olhei para aquelas paredes ainda desconhecidas, para
o teto... abri a imensa janela de vidro e da sacada olhei o céu cinzento da
cidade. Eu ainda me sentia um bicho acuado preso numa jaula, era como se aquilo
tudo fosse uma grande loucura. infelizmente não me sentia tão pronto o quanto
esperava. Ainda sim eu estava ali, construindo uma estrutura para viver na
colmeia.
Você deveria se orgulhar por conquistar seu próprio espaço
em São Paulo, mesmo que alugado. Disse um amigo
Nas na verdade a sensação ainda não era essa, pelo
contrário, a sensação era de incertezas. Era preciso quebrar meu casulo e
encarar o mundo como ele é. Voar até onde eu conseguir.
Momentos depois me arrumei, peguei minha mochila, apaguei as
luzes e antes de fechar a porta daquele apartamento quase vazio eu desejei
entrar ali mais confiante. Depois disso só lembro ter dado duas voltas de chave
antes de ir embora.
O garoto errado