8 de dez. de 2014

RECAÍDA

Não há fatos eternos, como não há verdades absolutas [Friedrich Nietzsche]

Desde que resolvi enterrar Eduardo White minha vida tomou outros rumos. Novo emprego, novo cotidiano, novo curso, novas pessoas, um carro usado e muita disposição para novos caminhos. Mas quando tudo parece ir bem, sempre há algo que nos tira do eixo, como num jogo de equilíbrio para testar nossos limites de adaptação.

Depois de seis meses sem programas eis que a sombra de Eduardo voltou a me perseguir. Não sei por qual motivo. Financeiramente não tenho mais problemas, mal gastei o que ganhei em quase dois anos como garoto de programa, abri uma poupança e paralelo a essa quantia guardada, eu, como a maioria dos mortais tenho um salário fixo que me garante certas comodidades e alguns direitos.

Muitas pessoas acreditam que uma vez garoto de programa dificilmente você sairá dessa condição. Eu não acredito nisso, mas sei que como todo vício há o período de abstinência, o risco de recaída e o exercício diário de superar certas fraquezas. Eu confesso que tenho fraquejado, o resultado disso foi que voltei em parte ser Eduardo White.

Tudo recomeçou quando decidi ligar meu celular com o chip antigo para ver o que havia gravado nele, algumas mensagens antigas caíram na caixa de entrada, muitas delas com meses, até ai tudo bem. Eu sempre recebo e-mails de ex-clientes querendo saber sobre minha vida e como estou indo nessa nova fase. Mas eis que minutos depois um rapaz de outra cidade me chamou no whatsapp. Disse que havia lido meu blog, que acompanhou quase toda minha trajetória e resolveu tentar contato comigo. Ele é um rapaz jovem, atraente e comunicativo.

Posso lhe fazer uma pergunta? 
Sim, pode.
Eu li que você parou... Li tudo que houve, mas você topa sair comigo?

Estático eu apenas olhava para a tela do celular até que uma hora depois esse rapaz me encontrou para um programa. Foi maravilhoso e estranho em alguns aspectos. Por um lado eu me sentia vivo por experimentar um gosto e uma adrenalina que há tempos eu não “experenciava”. Já a estranheza da situação era por parecer que muitas lembranças voltavam a tona... O mais engraçado que o que me moveu até aquele quarto de motel não foi o dinheiro, isso pra mim ficou em segundo plano. Felizmente isso não é mais problema devido as mudanças benéficas que ocorreram em minha vida. Eu só quis a sensação de ser outro, ter um momento de fuga de quem eu era, de quem eu sou atualmente.

O fato de ter cedido em algum ponto não me deixa triste e nem alegre com a possibilidade de voltar a fazer programas. Não considero que ainda voltei, pois não pretendo fazer de Eduardo White uma prioridade em minha vida. De fato ele foi importante e ainda é. Ele como ninguém me ensinou coisas, me fez crescer no sentido de viver e compreender certas angustias que temos. Mas seu período mais forte dentro de mim passou, está passando.

Meu planejamento inicial era permanecer três anos fazendo programa e desde que Eduardo White nasceu passaram-se 2 anos e 9 meses para fechar o ciclo que programei. Por que três anos? Não sei, mas três para mim sempre foi um número que gostei. O três é ligado em muitas questões desde arte a religião. Nas comédias populares são sempre três inserções para uma piada, o três aparece na santíssima trindade, na lei são três os poderes, jurídico, executivo e legislativo, três é o número simbólico do equilíbrio e união.

Talvez Eduardo White ainda tenha três meses de vida... Ainda não posso afirmar. Talvez seja só uma recaída que eu supere daqui alguns dias. O que sei é que tudo ainda é incerto para mim. Por hora preciso dormir, meu eu mesmo agora rege meus dias. Eduardo White parece ter voltado para apenas para uma breve visita...


O garoto errado



6 de out. de 2014

LIBERDADE

"O maior obstáculo para eu ir adiante: eu mesma. Tenho sido a maior dificuldade no meu caminho. É com enorme esforço que consigo me sobrepor a mim mesma." [Clarice Lispector]

Mais de 100 dias se passaram desde que parei de fazer programas... Eduardo não faz mais parte do meu dia a dia, mas parte de sua melancolia habita dentro de mim, como cicatriz que demora abrandar suas marcas na pele.
Minha vida como garoto de programa não foi leve e repleta de agitação ou felicidade, por alguns momentos fui sim feliz e no que posso julgar pude satisfazer algumas necessidade materiais, mas com o tempo é um cotidiano que pesa e daí temos que ter eixo para encontrar um ponto de equilíbrio.  Eu de fato não vi o quanto distanciei de mim mesmo e me abandoei numa estrada... Caminhei para longe do garoto cheio de sonhos que um dia fui e hoje não consigo voltar ao que era. É a lei da vida.

O Garoto Errado ainda é constantemente procurado nas redes sociais, na caixa de e-mail e na caixa postal do celular (chip antigo). Há dias em que é difícil acordar no meu quarto e levantar da cama, mas é preciso tocar a vida, viver dia após dia e encontrar razões que não me façam olhar para traz e querer retomar a vida como Eduardo White.

A decisão de parar veio num momento de angustia, tristeza, esgotamento físico, sobretudo mental. Lembro-me de uma frase em um seriado sobre prostituição, que diz o seguinte: Nenhuma profissão provoca mais oposição, inspira mais preconceito e instiga mais polemica do que a prostituição... Mas nenhuma outra desperta tanta curiosidade. (O Negócio ).

De fato a curiosidade é o ingrediente essencial que permeia o fetiche em desvendar e experimentar algo novo, seja no sexo ou em qualquer terreno. O curioso por si só não sossega enquanto não vê, cheira, toca, e experimenta o que ele quer. Estar próximo de algo ou alguém que nos fascina é instigante. E por conhecer essa necessidade humana, Eduardo foi explorando cada vez mais esse elemento, mas também sofreu por ceder demais e muitas vezes o que era fascinante e encantador perdia a graça. A linha tênue entre deixar se  ver e ser visto é muito complexa, pois quando se trabalha com uma fantasia  nunca pode ir além do que a pessoa necessita, a dualidade e o desejo precisam ser alimentados, senão o encanto se perde.

As pessoas se perguntam se parei com os programas em nome de um grande amor, de uma paixão fulminante romanceada no velho clichê do cliente que se apaixona e tira sua “amada” da prostituição. Sim, eu me vi apaixonado por alguém, me vi envolvido pela história de um rapaz acometido por um câncer e tamanha era minha fragilidade, que me deixei enredar em seus dramas pessoais. Tolice! Ingenuidade! Burrice!
Ainda sim creio numa explicação plausível... Quando desejamos muito uma coisa, uma mudança que nós ajude na tomada de uma importante decisão, nós passamos a interpretar sinais que nos levem a isso. E foi isso que fiz...

No inicio, quando Eduardo surgiu, busquei apenas o material, quando Eduardo amadureceu, eu passei a viajar por lugares e com isso busquei êxito e reconhecimento profissional e quando por fim ele obteve o reconhecimento que desejei, busquei caminhos de fuga, quis recomeçar ainda vivendo em sua pele...
Em janeiro de 2014, mudei para São Paulo, montei apartamento em um dos lugares mais visados da cidade e decidi levar adiante meu planejamento em viver por mais um ano como Garoto de Programa. Por um tempo funcionou muito bem, trabalhei muito, consegui altos rendimentos, mas um profundo desanimo me abatia dia a dia. Minha rotina era cuidar do apartamento, frequentar academia, fazer mercado e estar sempre disposto para meus clientes. Eu mal conseguia dar um passeio pelo centro de São Paulo.

Lembro-me de um sábado, enquanto eu passeava com um amigo pelo centro da cidade, quatro clientes ligaram querendo programa, um deles ligou cerca de três vezes insistindo para que eu pegasse um taxi e voltasse para o apartamento. Eu havia saído para conhecer o Mercadão, Mercado Municipal de São Paulo e no intervalo de uma hora eu tive que remarcar três clientes e cortar o passeio pela metade. Naquele sábado eu atendi três clientes com intervalos de meia hora, só parei na noite de sábado esgotado e de certa forma infeliz por não conseguir ter amigos e me divertir. Eu olhava para aquele apartamento, para sua mobília sem personalidade, para o dinheiro conquistado em poucas horas e pensava... “Pra que tudo isso? Eu nem sei o que vou fazer”... Então eu quis voltar ao ponto de partida.

Marcelo parecia um sinal, algo em que eu poderia acreditar e antecipar uma decisão que seria tomada em janeiro de 2015, quando eu completaria um ano como garoto de programa na cidade de São Paulo. Ele apareceu como um suposto cliente para uma pernoite, nosso contato foi se aprofundando por e-mail, fotos, telefonemas, histórias... Por fim, dias antes de nosso encontro Marcelo adoeceu, foi internato, passou dias para ser diagnosticado com câncer. Da família do suposto rapaz, eu conheci pessoalmente e de forma muito rápida um primo que passou a intermediar alguns de nossos contatos  culminando em um breve encontro no qual ele foi entregar um presente de Marcelo, na ocasião marcamos no estacionamento de um Shopping. Muito nervoso o primo me cumprimentou, não olhou diretamente nos meus olhos e mal falou comigo.

Semanas se passaram, a situação se agravava até tornar-se surreal, amigos passaram a me alertar para um suposto golpe e por vezes eu pensava: Golpe para que? Eu não dei um centavo meu para Marcelo! Não havia dinheiro envolvido...

A mentira caiu por terra e a lucidez voltou, com os pensamentos menos bagunçados, eu tracei outra estratégia, fui frio e calculista. Como o primo era o elo que me ligava a Marcelo eu passei a me dizer encantado por ele e pela atenção que ele me dava, me fiz de apaixonado, dizia que meus sentimentos haviam em relação a Marcelo e que ele, o primo, era a pessoa que eu queria ao meu lado e... como num passe de mágica a guarda se abriu. Passei a reunir provas como, fotos, mensagens de texto, e-mail, houve até um contato telefônico onde o primo soltou o verbo, embora ele tentasse maquiar sua voz  eu pude comparar orações, entonação de voz e constatei que Marcelo era o primo.

A partir dessa espécie de dossiê as avessas eu fiz um ultimo e decisivo contato com o tal primo, colocando-o contra a parede ele confessou a autoria do perfil fake e confidenciou estar apaixonado por mim, acompanhar tudo o que escrevia em meu blog e a partir daí tentar se aproximar.  Houve ainda a tentativa de explicação na qual ele justificou-se, disse que Marcelo de fato havia existido, vítima de câncer no estomago o rapaz veio a falecer em novembro de 2013. A partir daí, na tentativa de se aproximar de mim o primo se apropriou do karma de Marcelo e me envolveu naquela triste situação. Para provar a veracidade da existência do verdadeiro Marcelo, o primo se dispôs a me levar em seu tumulo. Mas de que adiantaria mais esse sofrimento? Eu de fato queria que Marcelo tivesse existido em minha vida, mas ir ao seu tumulo só me faria sofrer ainda mais, ver vestígios de alguém a quem eu considerei um dia não mudaria a decepção que eu sentia diante de tudo.

A verdade também é algo libertador, e a verdade era o que eu precisava para por um fim naquela história. Sem rodeios exigi que o primo se afastasse de mim ou eu o denunciaria por crime de falsidade ideológica e apresentaria todo material que reuni, incluindo sua confissão. Felizmente pude encerrar esse capitulo de alma lavada. Sepultei o lapso de sentimento que construí em torno da existência de Marcelo, e com ele Eduardo também seria sepultado na certeza de que adormeceria para sempre.


RECOMEÇO

Com uma mochila nas costas e uma pequena mala , eu deixei o apartamento de Eduardo White. Repassei o imóvel a outro rapaz que se prontificou a cumpri o contrato até janeiro de 2015, data em que devo retornar a São Paulo para me desfazer da mobília e entregar o apartamento para imobiliária. De volta ao ninho, a casa de minha mãe, eu voltei a viver em meu pequeno quarto. Eu precisava recomeçar... E assim o fiz...

Hoje, passado mais de cem dias desde que resolvi sepultar Eduardo, consigo analisar a decisão que tomei com mais distanciamento.  O suposto cliente que não passou de um fake, mesmo me fazendo sofrer foi um dos responsáveis pela minha libertação. Eu havia criado a coragem necessária a partir dele, pude sair da prisão a qual eu havia me condicionado, como uma grande ironia da vida muitas vezes a libertação acontece depois de um calvário de sofrimento...

As coisas que aconteceram depois pareceram encaminhadas por Deus, ou por algo maior. Eu estava de volta a minha casa, consegui um bom emprego em minha área, comprei um carro (mais ainda to praticando), me matriculei em minha tão esperada pós graduação e venho buscando outros objetivos. Não tem sido fácil, por vezes me pego desanimado com uma coisa do passado ou frustrado por ter direcionado minha vida a outros rumos, mas por mais que temos escolhas e que os caminhos não nos agrade e não seja bem como esperávamos, há sempre um aprendizado adquirido.
Claro que não é fácil, é uma desintoxicação que acontece dia após dia, mas eu estou determinado a continuar trilhando meu caminho em busca de algo que eu considere bom para minha paz de espírito. As cicatrizes ainda continuam, ora latentes ora neutras... Eu ainda desejo muitas coisas para minha vida.

Não sei se ainda voltarei aqui para contar como vou indo, se vou escrever memórias ainda não contadas como Eduardo White, porém, a única certeza que tenho é que crescer de fato dói e sei que Eduardo ainda vaga por algum lugar dentro de mim. Com ele busco selar um acordo de paz. Não quero que ele volte a reger minha vida, mas também não posso nega-lo.

White faz parte do meu eu mesmo e irei carrega-lo como parte de minha história. Eu ainda não estarei livre de errar, afinal, o ato de errar faz parte da vida, do amadurecimento... Errar e contemplar buscando sabedoria nos faz melhores  do que fomos no dia de ontem.



O garoto errado

2 de jun. de 2014

LUTO COM L DE LIBERDADE

O que não provoca minha morte faz com que eu fique mais forte. [Friedrich Nietzsche]

Mesmo não sendo mais um garoto de programa esse passado ainda me renderá boas dores de cabeça, é um tipo de popularidade que não agrega em porra nenhuma. Você será perseguido, criticado, revirado pelo avesso, amado falsamente, desejado apenas para uma "voltinha" e claro lançado a própria sorte.
Só posso constatar que morrer é uma certeza e viver sempre será um risco.


6 de mai. de 2014

FIM

CENAS DO ATO FINAL

Depois de dois anos vivendo na pele de Eduardo White tomo a decisão de encerrar o ciclo Não há uma resposta sucinta para tal decisão, eu apenas sinto um desejo profundo de mudança. Se você tiver a oportunidade de conversar com um Garoto de Programa vai notar que em seu discurso há sempre a intenção de um dia parar.
Vou parar em breve... Vou parar no próximo ano... Vou parar é um tempo verbal que acaba sendo prolongado e raramente se faz presente, fica apenas no plano das ideias. A menos que você o traga para o AGORA... Mas antes...


O NÃO ENCONTRO

Oi Eduardo, me chamo Marcelo, você foi recomendando pelo Roberto, ele não faz mais programa mas disse que você é o melhor em São José dos Campos. Vi seu blog e gostei muito, quero marcar algo com você. Tenho interesse em uma pernoite. Me responda assim que puder.

Era 04 de fevereiro, eu estava na rua 25 de março comprando coisas para meu apartamento recém alugado em São Paulo. Havia um ensaio de fotos programado para o dia seguinte, eu estava ansioso e correndo de loja em loja quando fui chamado no whatsapp com essa mensagem de Marcelo.

Oi Marcelo! Obrigado, mas eu não moro mais em São José dos Campos, estou em São Paulo agora e receio que irei para sjcampos a cada dois finais de semana. Se for possível para você nesse esquema poderemos marcar algo sim. =]

Claro, eu espero sua vinda. Meu interesse é passar uma noite com você. Gostei muito das fotos e do que li em seu blog...

A partir desta troca de mensagem eu e Marcelo ficamos em contato, pouco a pouco fomos descobrindo afinidades sobre filmes, gostos musicais, lugares, manias, seriados... Essa proximidade geralmente é perigosa, gera um sentimento de cumplicidade e carinho, mas que por necessidade e imposição nos estilos de vida seria quebrada num contrato social, eu entrava com o sexo e ele com o dinheiro.


MUDANÇA DE PLANOS...

No dia marcado para conhecer e passar a noite com Marcelo eu viajei para São José dos Campos a fim de encontra-lo. O encontro estava marcado para 20h, porém faltavam poucos minutos para as 18h quando recebi um sms de Marcelo informando que seu pai acabará de sofrer um enfarte. GOLPE! Eu pensei, mas minutos depois Marcelo ligou em meu celular aos prantos, ele estava sozinho em seu apartamento quando foi avisado pela mãe que mora em São Paulo. Tentei acalma-lo, mas parecia impossível, chegava a lhe faltar o ar... Desliguei o celular agoniado com a situação. Felizmente os vizinhos o acudiram e um primo o levou para São Paulo para acompanhar a internação de seu pai.

Uma semana se passou, eu e Marcelo ficamos em contato diário, ele totalmente desanimado com o quadro clinico de seu pai que não reagia as medicações e parecia vegetar

VOCÊ SABE REZAR? Perguntou Marcelo em uma das ligações.

Sim, eu oro a Deus todos os dias, a minha maneira.

Como faz? Eu confesso a você Eduardo que minha relação com Deus é tão distante. Nem orar ou rezar eu sei mais. Sinto que meu pai vai morrer. E não quero aceitar isso.

Sabe Marcelo, eu não sou espírita, mas me simpatizo com o espiritismo e acredito muito na filosofia espírita se assim posso chamar. Nós somos matéria, estamos aqui para nos melhorarmos enquanto pessoas, espíritos e depois partir. Mas também temos o poder se “segurar” alguém como um ente querido.

Como isso acontece?

Por meio do apego... As vezes a gente é egoísta sem querer ser. Desejamos tanto não perder alguém por medo, por amor, que esse “amor” prende a pessoa. Se você sente que seu pai quer partir tente liberta-lo. Não há uma receita para orar e rezar. É como um conversa com Deus, onde você expõe o que lhe aflige e pede sua ajuda. Peça para Deus te auxiliar no que for melhor. Vá ao leito do seu pai, segure em sua mão e converse com ele em pensamento. Diga que se ele quiser partir, que ele pode ir em paz. Que pelo fato de você ama-lo ele pode ir tranquilo.

O que me dói é que eu não fui vê-lo. Fiquei adiando minha viagem a São Paulo e quando fui encontra-lo foi aqui no hospital. Ele nem se mexe. Parece que ele sentiu que isso iria acontecer. Dias antes dele sofrer o infarto eu falei com ele por telefone e ele notou a minha felicidade. Me perguntou qual era o motivo de tanta alegria. Eu contei que havia encontrado alguém muito especial em minha vida. E por esses dias aqui no hospital minha mãe entregou uma carta que ele me escreveu. Ele diz na carta que sente que esse alguém me fará muito feliz, que é para eu preservar essa pessoa e que fica mais tranquilo por saber que finalmente encontrei minha felicidade ao lado dessa pessoa. Pra mim isso foi um aviso, uma despedida... Não sei dizer...

Naquela noite Marcelo despediu-se de seu pai, ele faleceu no dia seguinte. Foi doloroso, mas em suas ligações eu o sentia mais conformado.

Eduardo, eu só me sinto mais sereno por que você têm me acompanhado em todos os momentos. Você me devolveu a fé que eu havia esquecido. Falei de você com minha mãe e meu irmão, sobre suas palavras, eles pediram para te agradecer...

A promessa de um encontro entre eu e Marcelo após os dias de luto começava a ser refeita.


UM TUMOR QUE NÃO CHAMAVA AMOR...

Após o enterro de seu pai Marcelo passou a sentir um pouco de febre, dores no estomago e alguns episódios de vômito. Mesmo se sentindo mal ele resolveu voltar com a família para São Paulo, passou muito mal no voo de volta para Guarulhos e chegou a sair de maca do avião, foi direto para internação com a suspeita de dengue. Sua mãe chegou a ser advertida pelos funcionários da Cia aérea que ele jamais poderia ter voado em tais condições, pois apresentava riscos aos demais passageiros.
Marcelo ficou internado por dias e dias a fio sem que os médicos descobrissem a causa real de sua enfermidade. Após uma semana de mais exames foi constatado uma infecção aguda em seu estomago e um tumor ainda em estágio inicial, o diagnóstico infelizmente era de câncer

Chorando muito ao telefone ele me revelou seu desespero, perguntando-se se a morte do pai já não era suficiente. Por que Deus fez isso comigo? Já não basta a morte do meu pai?

Tentei tranquiliza-lo e sempre de forma racional tentei coloca-lo nos eixos. Argumentei que o ponto positivo era o diagnóstico feito de forma precoce.

Marcelo, há coisas que a gente nunca vai entender. Deus não matou seu pai. Ele sentiu dores, mas não quis ir ao médico. Você mesmo me disse. Seu caso é triste, mas veja por outro lado. Você poderá se tratar e certamente irá se recuperar disso. Quanto a seu pai, esteja certo que ele vai olhar por você. Ele descansou.

Com o diagnostico em mãos Marcelo foi transferido para o Hospital do Câncer em Barretos, os dias se seguiram com medicações e contatos diários entre eu e ele. Nosso sentimento um pelo outro só crescia. A primeira coisa que Marcelo vazia ao acordar em seu quarto de hospital era me chamar no whats app e dar “Bom dia”. Nossa proximidade estreitava-se cada vez mais, falávamos diariamente por celular e por e-mail. Trocamos fotos, áudio, vídeos... Meu sentimento e desejo em estar ao seu lado era pleno e constante. Para que ele nunca se sentisse sozinho em seu quarto de hospital eu passei a mandar fotos do meu dia a dia em São Paulo, juntos fomos a exposições, cafés, mercado. Ele viu meus pratos improvisados na cozinha e alguns selfies desajeitados.


PROTOCOLO QUEBRADO

Uma das regras entre um garoto de programa e seu cliente é nunca ter um envolvimento extra profissional, como por exemplo misturar o campo sentimental com o profissional. Claro que afinidades podem surgir, mas o contrato comercial tem que ser claro para ambas as partes. Essa não é uma regra respeitada fielmente, é comum gp’s e clientes se envolverem, mas eu diria que nesse terreno quem leva a vantagem é o garoto, pelo simples fato dele saber lidar melhor com essa situação e até manipular seu cliente para extrair vantagens, sobretudo financeiras.

Vale lembrar que isso varia muito de caráter, nem todo garoto é um aproveitador.

Esse protocolo havia sido quebrado entre mim e Marcelo e já nos víamos envolvidos emocionalmente. Diariamente eu sofria um pouco com sua agonia e dor. Participei mesmo que a distancia de suas primeiras sessões de quimioterapia e passei a pensar nele 24h do meu dia. Em diálogos com Deus tenho pedi e tenho pedido por sua recuperação.

Afeto, carinho, amizade, cumplicidade, paixão... amor. Os sentimentos transitaram por todos os estágios. Não sei dizer quem deu o pontapé inicial, mas o fato é que eu e Marcelo nos apegamos. O carinho e o amor por ele cresceu de tal forma que hoje são essenciais para mim. Mais que um desejo carnal, eu e Marcelo nos desejamos como parceiros para uma vida a dois. Temos feito muitos planos e assim que ele sair do hospital vamos colocá-los em prática. E mesmo que nem tudo saia como planejado, meu profundo desejo é que ele vença esse câncer.

A vida nos ensina muitas lições. Muitas delas nas pequenas coisas, nos encontros inesperados. Acho que saber ouvir nosso coração e ter disposição para mudar o curso de nossas vidas é um ato que demanda disposição, energia e coragem. Eu poderia me acomodar com Eduardo no comando de minha vida. Mas decidi mudar minha condição, quero voltar a existir, correr atrás de antigos sonhos, realizar novos projetos.

Certamente aprendi muito como garoto de programa, porém a vontade de retomar minha vida é maior que tudo. Por este motivo fecho esse ciclo de forma serena e tranquila. Otimista pelo fato de ter encontrado Marcelo, mas sobretudo, pela certeza de que estou pronto para retomar minha vida e o mais importante retomar curado de todas feridas que adquiri pela insanidade e inexperiência ao evoluir. Continuarei evoluindo, mas agora mais consciente.

Pode parecer louco, mas além da minha história com Marcelo tenho também muitos planos, vou finalmente poder fazer minha pós, retomar minha vida social e familiar, ler livros que engavetei, furar mais vezes minha dieta  e claro, poder me dedicar a alguém especial. Mas isso eu já comecei.
Eduardo deixará de existir no dia 15 de maio, de sua identidade guardei poucas lembranças e tratarei de selecionar as melhores.

A decisão em me tornar garoto de programa ocorreu por decepção, por necessidade, por descrença e sobretudo pela necessidade de ser outro, de sumir no mundo sem ter que morrer para isso. Foi na noite de 15 de março de 2012 que esse desejo explodiu dentro de mim, na ânsia de apagar quem eu era e me reescrever um outro eu me tornei Eduardo. Um rapaz sem passado, presente e sem futuro definido. Decidi vender meu corpo e sacrificar minha alma, passei a ser de muitos e na verdade eu não era de ninguém. As horas e os dias passavam e a cada nascer do sol e cair da noite meu espelho apagava a imagem que eu estava acostumado a conviver.

Busquei meios para me entender, não como homem que tem sentimentos, mas como um produto que muda sua fórmula, seu sabor, sua cor, seu formato, seu cheiro, seu rótulo... Rompi muitos casulos, criei asas e  muitas alcei voos que beiraram abismos. Por vezes me via em queda livre, mas como uma fênix renascia, mais fortalecido e maduro.

Com o tempo afastei-me dos meus projetos pessoais, dos meus sonhos e passei a viver a utopia de conquistar riquezas materiais as custas da minha carne que por vezes era sucateada. Não interprete essas palavras de forma pesada e nem como motivo de tristeza. Como garoto de programa eu cresci muito, conheci boas pessoas, que assim como eu buscavam preencher um vazio desconhecido ou apenas buscavam uma diversão diferente, um fetiche a ser realizado. Por vezes eu ri e me comovi com histórias compartilhadas. Por vezes eu dei e recebi afagos e carinhos dos clientes que conheci. Por vezes eu também me senti amado por desconhecidos.

Alguns desses desconhecidos eu vou carregar em minha memória e serão lembrados com saudosismo. Não sei de na outra vida eu vou transar tanto quanto nessa, mas posso dizer que conheci muitos homens, casados, solteiros, jovens, maduros, bonitos, feios, e de diferentes temperamentos. A todos procurei dar o meu melhor e a gentileza que tenho dentro de mim.

O ciclo se fecha de forma consciente de que preciso mudar, quero mudar. Minha imagem volta a ser refletida nos espelhos que esbarro e cada vez mais longe a imagem de Eduardo vai se apagando, dando adeus, certo de que cumpriu sua missão.

Eduardo nunca foi um personagem ou uma personalidade diferente da minha. Cria-se muito esse discurso em torno do garoto de programa e muitos deles ressaltam que quando trepam como gp estão de fato encarnados num outro. Eu confesso que até tentei invocar o tal Eduardo White como “entidade”, mas acho que nem trepando num centro de Umbanda eu conseguiria, eu me via no meu “eu mesmo” só que com outro nome...

Se fui feliz?

Sim, em muitos episódios eu fui feliz. Nutri sentimentos sinceros por meus clientes. Como André de Curitiba, com quem passei muitas noites, quando fui a Curitiba ele não me deixou sozinho em nenhum momento, tínhamos um carinho especial, dei a ele um apelido, desses toscos de namorado. Com Miguel eu o iniciei sexualmente e namoramos por três meses, foi especial, mas eu sabia que tinha tempo para acabar. Nos tornamos amigos e como presente dei a ele meus amigos pessoais. Com Cássio eu me senti exageradamente cuidado, partilhamos boas pizzas e boas sobremesas. Com Adair eu tomei alguns cafés acompanhados de chocolate e DVD de Elis na TV. Enumerar características e qualidades de pessoas que fizeram parte de minha vida como Eduardo, seria um árduo exercício. Houveram tantos momentos de entrega e por que não dizer alegria? Houveram também momentos de solidão, vazio e tristeza, como todo ser humano fica sujeito a tê-los, senti-los...

Felicidade é um estado de espírito que vêm e vai. O mais importante é sentir-se em paz, em equilíbrio consigo mesmo. O que foi feito de certa forma fará parte de nossa bagagem, e cabe a nós extrair daí algo para o crescimento pessoal. Em minha bagagem vão muitas coisas das quais talvez eu não bata no peito para dizer que me orgulho, mas me servirão para um futuro mais feliz...

Eduardo a partir de agora poderá ficar para trás como uma parte do que fui. Quero olhar para um futuro melhor, onde eu e Marcelo possamos renascer e juntos e partilharmos dias melhores. Espero futuramente voltar aqui com essa boa notícia.


Eduardo White – O garoto errado

26 de abr. de 2014

O GOLPISTA DA PRAÇA ROSEEVELT

O tempo passa e a gente percebe que não gostou da pessoa e sim da imagem que fez dela sem perceber. [Vinícius Soares]

Sempre houveram muitas estórias sobre garotos de programa que se aproveitam de seus clientes para se dar bem. Nessas estórias os personagens são bem definidos. O mocinho é o cliente indefeso e ingênuo e o bandido é o garoto que utiliza sua beleza e pode de persuasão para enganar seu cliente. Nos enredos sempre haverá o garoto que extorquiu, o garoto que agrediu, o garoto que enganou, o garoto que matou... Seria possível a inversão de papéis? Afirmo que sim, mas se um de “nós” garotos de programa contássemos a você provavelmente não nos seria dado credibilidade alguma. Ainda sim, se não há vozes dos meus colegas que denuncie seus algozes seja por vergonha ou por medo de represálias eu não serei mais uma voz anulada.

Talvez não seja nessa década ou neste século que alguém irá admitir que contratou um profissional do sexo para satisfazer suas vontades. O mercado do sexo movimenta milhões por ano, diretamente ou indiretamente os profissionais do sexo são responsáveis pelo turismo em algumas capitais, por eventos de grande porte como parada gay, por trazer hospedes para redes hoteleiras, pelas novidades no mercado do sexo, pelos grandes sites que anunciam escortes, pelas casas de suingue, pelas saunas masculinas que se multiplicam a cada ano, pelos motéis temáticos, pelas produtoras de cinema pornô que vendem assinaturas online, entre outras infinidades de ramificações que ligam o sexo a outros produtos. Vivemos em tempos da nova Sodoma e Gomorra, onde o prazer é colocado em primeiro plano.

A quem escolhe viver deste mercado para pagar suas contas e ter um padrão de vida viável, cabe aceitar e saber lidar com a diversidade de uma forma geral. E como há farsantes em outras profissões, há também no mercado do sexo. Com o passar dos meses vivendo em São Paulo eu tenho aprendido muito sobre isso, são estórias e mais estórias, porém essa não foi alguém que me contou, eu vivenciei na pele e digo que foi revoltante...

Nelson tem entre 35 a 38 anos, estatura média, é branco, magro, tem olhos claros, barba cerrada, lábios finos, cabelos curtos e grisalhos e cerca de três tatuagens no corpo, sendo uma delas um tribal e outras duas letras em japonês. Um homem comum como tantos outros que caminha pelas multidões em São Paulo. Mas quem passa ao lado de Nelson não imagina sua capacidade de persuasão e premeditação para farsante. Talvez um psicopata em potencial, entretanto, isso só poderia ser afirmado com um estudo aprofundado sobre sua personalidade.

Conheci Nelson em abril de 2013, quando era um garoto anônimo, como tantos outros que vinha a São Paulo para temporadas. Sem noção de muitas situações que acorrem no mercado do sexo nas grandes capitais, fui abordado por Nelson enquanto anunciava em salas de bate papo. Amante incondicional de cocaína na época ele me contratou por um período de 3horas para ficarmos nus num quarto de hotel, punhetando, conversando, jogando baralho e consequentemente cheirando. Eu nunca havia experimentado cocaína, mesmo assim atraído pelo dinheiro eu topei o programa. Antes de me encontrar com Nelson conversei com um amigo de São Paulo que já estava mais habituado a esse perfil de cliente.

Eduardo, você não precisa  cheirar de verdade, cheira um pouco, só no início. Depois o cara vai ficar mais louco e não vai ter tanta atenção, ai você finge, joga fora sem ele ver, assopra... Qualquer problema me ligue. Disse meu amigo.

Mas Nelson era raposa velha. Ele mesmo preparava as carreiras e me oferecia na bandeja fiscalizando cada grão de pó aspirado. As horas foram passando e ele então prorrogou o programa para noite toda e assim viramos jogando baralho e cheirando, loucos. Em alguns momentos eu consegui despista-lo de assoprei uma ou duas carreiras, mesmo assim me senti contaminado ao fim da noite. Coração disparado, sono espantado, era como se uma nuvem de fumaça pairasse em minha cabeça. Contudo ele cumpriu sua palavra e me pagou o cachê prometido às 7h da manha em uma agência bancária.

De volta ao hotel eu tomei um banho quente e tentei dormir, mas não conseguia, uma agonia invadiu meu peito, milhões de pensamentos e arrependimentos. Eu quis chorar naquela manhã, mas as lagrimas não vinham, virava para um lado e para o outro naquele quarto de hotel, então olhando para o teto eu só sentia AGONIA, AGOnia, agonia...

e tudo escureceu...

Um ano depois...

Em São Paulo eu terminava de me arrumar para esperar um cliente. Da sacada do meu quarto eu podia ver o céu estrelado de uma noite quente, a Frei Caneca estava cheia de pessoas indo e vindo, bares abertos, musica rolando. O celular toca.

Alô, Eduardo?

Sim, é ele.

Oi, ta disponível hoje? É o Nelson.

Nelson?

Sim, a gente saiu uma vez, ficamos uma noite conversando, jogando baralho, tekando... Lembra?
Em flash back algumas imagens voltaram, jogos de baralhos, conversas, pó... Sim! Me lembro... Tudo bem com você?

Sim, ta disponível agora?

Não estou. Tenho compromisso marcado. O relógio marcava 21h45.

É cliente?

Sim, terei um cliente para daqui a pouco.

Tem como você vir aqui no Savoy na Augusta? Eu to num quarto aqui e queria aquele mesmo lance.

Não posso. Já está marcado e ficarei livre somente após 23h30.

Quanto ele vai te pagar? Eu cubro... Insistiu Nelson.

Não funciona assim cara. Eu já marquei, não posso furar.

Eu te ligo então as 23h30.

Ok... Desligou.

Ao desligar o celular eu fiquei me perguntando muitas coisas. Nunca imaginei esbarrar com Nelson novamente. Depois de um ano ele ainda continuava na mesma. Pagando bem... pensei. Mas será que toparia esse tipo de programa novamente?

Eu teria que analisar... Na época eu não tinha noção dos efeitos de cheirar cocaína e também não sabia quantidades, como simular que cheirava. Enfim... Decidi que receberia meu cliente com calma e depois resolveria isso.

Após o encontro com meu cliente eu verifiquei e haviam três chamadas de Nelson em meu celular. Decidi não retornar e ir tomar banho, um amigo boy também de São José que agora morava em meu prédio fazia aniversário e resolvi ir a sua festa com outro amigo de trabalho. Ao chegar no apartamento do meu amigo conheci seu irmão gêmeo e logo pensei. “ Que louco ser garoto de programa e ter um irmão gêmeo na mesma cidade”... Fui apresentado para algumas pessoas da festa e logo ficamos na cozinha conversando e comendo petiscos.

Logo o celular começa a tocar insistentemente, mesmo no vibra as ligações de Nelson se repetiam, até que mostrei para meu amigo e resolvi atender.

Oi, você ta onde?

Fiquei livre só agora...

Você vai vir? Estou aqui no Savoy te esperando.

Movido pelo impulso de ganancia e burrice eu respondi SIM...

Me julgando mais experiente marquei o encontro para cerca de 30 minutos mais tarde. Me despedi do meu amigo e subi a rua Augusta ao encontro de Nelson. Com o número do quarto anotado, cheguei a recepção, informei meu nome, deixei meu documento e subi rumo ao quarto 405.

Um emaranhado de escadas e corredores até que avistei Nelson de porta aberta e nu a minha espera. Ao entrar no quarto notei que havia um outro rapaz, mulato, magro, punhetando o pau já mucho. Nos cumprimentamos enquanto eu me despia.

Isso, já chega tirando a roupa e junte-se a nós. Preparei uma carreira especial para você. Disse Nelson agitado e entusiasmado.

Totalmente nu, peguei a nota de 50 enrolada sobre a bandeja improvisada e aspirei um pouco da carreira que estava pronta. Prometi a mim mesmo dessa vez que me controlaria e iria dosando cada passo para não exagerar e me deixar levar pelas vontades de meu cliente.

Sentado no sofá ficamos os três conversando e cada um punhetando a si mesmo. Não me recordo o nome do outro rapaz, mas lembro-me que ele é professor na rede estadual, é amigo de Nelson e curtia a mesma pegada que ele, cheirar e punhetar.

E você, trabalha com o que? Perguntou o rapaz. No mesmo instante olhei para Nelson que fez um sinal para eu não contar que era gp a ele.

Trabalho com designer de mídia... respondi

A partir daí construí uma história sem grandes nuances apenas para satisfazer a curiosidade do rapaz. Simpático ele me contou que ele, Nelson e outros colegas haviam se reunido no apartamento de um outro cara que certa vez promoveu um encontro assim com seis caras, onde todos ficaram se masturbando, cheirando e conversando. Logo fomos interrompido por um telefonema da recepção avisando que o período do quarto havia acabado. Nelson prontamente renovou o período. Em seguida o rapaz comunicou que iria embora pois seu irmão chegaria de viagem as 18h e ele queria estar mais sóbrio para que não percebessem ele “chapado”. Logo ficamos eu e Nelson no quarto e entre um papo e outro notei que ele mexia em seu celular, caçando nos aplicativos.

Encontrei um cara que curte a mesma parada que eu aqui no Scruff. Ele disse que ta a fim de vir para cá.

Bacana, mas ele ta perto? Perguntei.

Disse que ta no Ipiranga e chega em 30 minutos.

E você vai querer que eu fique a noite toda? Aproveitei para tocar no assunto grana e tentar me garantir de alguma forma. Por mim eu não ficaria a noite toda, visto que ele estava convocando mais pessoas pelo celular.

Quero sim! Acertamos no final da noite como fizemos da última vez. Tudo bem?

Ok, Pode ser... Apesar de eu não gostar muito da ideia eu considerei que ele havia pago certo na ocasião anterior e não vi problemas receber no final.

Instantes depois o rapaz do scruff chegou ao quarto, tratava-se de um médico de meia idade, corpo bem conservado e atlético, branco, cabelos curtos, rosto quadrado e bem desenhado, baba aparada e aliança no dedo.

Você é casado? Foi a primeira pergunta do Anfitrião Nelson.

Sim, eu e meu marido curtimos numa boa essas paradas, mas ele estava cansado demais e disse para eu vir sozinho... completou.

Peladão o médico tinha um sorriso tenso, mesmo assim ele era muito atraente e sacana, trouxe seu kit particular em uma sacola, um consolo de borracha com cerca de 24cm grosso, um alargador de ano, um tipo de anel grosso que você encaixa no anus de forma que ele fique aberto permanentemente e um anel para o saco escrotal, onde você o utiliza para comprimir os testículos.

Antes de começar a orgia com seus brinquedinhos ele foi para a mesa e aspirou duas carreiras de pó. Nelson aproveitou para me empurrar mais uma, porém eu tirei uma parte da carreira utilizando seu cartão de crédito que estava na bandeja.

Quando cheiro fico com muita vontade de chupar um pau. Querem que eu chupe vocês? Disse o médico
Eu quero! Respondi querendo experimentar o belo homem. Assim, ele caiu de boca em meu pau e mamou por um bom tempo. Mas sua chupada era muito ruim, não colocava o pau inteiro na boca, não chupava com vontade, mais puxava e repuxava a pele do prepúcio se julgando o mamador, parecia uma maquina dopada de pó que fazia sexo por inércia. O que salvava era que ele realmente era gostoso, e só tinha cu para dar, de resto ele não fazia nada. Não tocava, no beijava, não lambia... absolutamente NADA.

Enquanto o médico me chupava mal pra cacete Nelson resolveu brincar na bunda do rapaz, começou metendo os dedos e logo depois o consolo imenso, porém o mastro emborrachado de 24cm fazia apenas uma cócegas e não saciava o médico passivão. Eu fiquei com vontade de comer ele, mas como Nelson ficou insistido para eu cheirar outra carreira meu pau acabou caindo broxado e não adiantaria eu ficar me esforçando, nem com reza brava ia.

Olha, se quiserem pedir algo podem pedir que eu faço. Disse o Doctor Gay. Como se fossemos fazê-lo dele um escravo submisso.

Passado algum tempo o médico sugeriu a Nelson chamar outro rapaz para completar a brincadeira, ele estava louco para ser penetrado. A certo ponto sugeriu chamar um garoto de programa. Nelson então sinalizou para eu não falar que era GP. Como se eu não houvesse percebido. Nesse instante o médico começou a buscar nos aplicativos de celular garotos pelas imediações, assim que percebi peguei meu celular e acessei meus aplicativos para ficar off line para que ele não visse meu perfil.

Olha, tem esse aqui! Ele fode muito e já vende pó também, poderíamos marcar com ele e pedir para ele trazer. Disse ele a Nelson.

Mas você conhece o cara? Questionou Nelson.

Sim, já marquei com ele uma vez. Ele chega arrepiando. Animou-se o Médico. Enquanto cheirava mais duas carreiras grossas.

Bom, onde eu posso esconder minhas coisas? Por que chamar gp e deixar tudo a mostra é complicado. Dizia ele olhando para os cantos do quarto, até que resolveu por seu tênis e sua carteira no entre um relevo de gesso e o teto do quarto.

De certa forma era interessante ver como se comportava aquele rapaz. O tesão em apelar para um garoto de programa era tanto que ele mesmo com medo de ser roubado arriscava-se em prol de sua tara. Depois de um tempo Nelson acabou convencendo ele a não chamar o boy propondo um outro cara que encontrou nos aplicativos. Tratava-se de um moreno pauzudo que também curtia cheirar e topava ir até o hotel. Enquanto conversavam para acertar a ida do cara até lá o rapaz da recepção ligou avisando que o período do quarto havia vencido. Nelson prontamente prorrogou mais um período de três horas.

Depois de um bom tempo o outro rapaz chegou, acanhado ele entrou no quarto e já deu de cara com nós três peladões. Alto, moreno, corpo legal e pauzudo ele despiu-se e ficou sentado no braço do sofá ao meu lado. Notou que dos três eu era o mais tranquilo e logo cheirou uma carreira preparada por Nelson. Durante o papo ele disse que trabalhava na área de saúde como infectologista, algo relacionado á área. Nelson falou pouco de si de abriu que além de professor na área de MKT também ministravas aulas na área de musica, acredito que ministra aulas de piano.

Como o moreno havia cheirado apenas um pouco seu pau estava com uma ereção legal, então ele encapou o bichão e colocou o Doctor Gay de quatro e meteu seu mastro todo no rabo do cara, bombou forte e pesado no rabão do doctor, que gemeu de prazer e aproveitou para cheirar mais enquanto levava pica. O doctor era tão safado que pedia a Nelson para colocar pó na porta de seu cuzão largo para o moreno meter nele e ele sentir o pó pelas mucosas do anus. Desacreditei...

Assistindo o cara meter eu fiquei com muito tesão e como já fazia um bom tempo desde a última carreira meu pau acordou, encampei o rapaz e também partir para cima do médico, que aguentou as duas picas e ainda pedia mais.

Depois de uns 20 minutos metendo no doctor eu o morenão ficamos largados na cama. Nesse instante ele aproveitou para me acariciar deslizando suas mãos por minha barriga, pernas, passando também em minha bunda.

Você curte dar também? Perguntou enquanto Nelson e o médico cheiravam feito loucos na mesa de vidro que havia no quarto.

Sim, dou mas to de boa hoje... respondi sorrindo de lado.

Embora o moreno curtisse pó, felizmente consumia pouco e por ter sinusite ele colocava pó nas gengivas superiores, por ser mucosas facilitava a absorção, assim como no anus. Depois de um tempo deitados demos uns pegas, ele tinha um corpo gostoso e beijo também, mas o gosto da cocaína ficou impregnado em sua boca por ele colocar na gengiva, então parei de beijar pois mesmo não cheirando eu estava absorvendo parte do pó pelo beijo do morenão, sem contar que era um gosto ruim.

Novamente o rapaz da recepção ligou avisando sobre o fim do período e Nelson correu ao telefone para prorrogar, mas dessa vez o hotel não aceitou e exigiu que a fatura fosse paga para que todos ficassem no quarto.

Minutos depois o rapaz da recepção veio ao quarto com a fatura gasta e a maquina de cartão. Nelson o recebeu por aquele tipo de janela onde colocam toalhas e outras coisas sem precisar entrar no quarto. Assim que viu a fatura levou um susto. Puts! R$ 627,50...?

Nossa, tudo isso? Mas você não fechou pernoite aqui? Perguntou o médico.

Não, fechei período mas eu não sabia que era tudo isso... Respondeu.

E ficaram os três tentando entender a fatura absurda cobra pelo motel. Observando deitado no cama os três tentando entender a fatura, me levantei e pedi para olhar. Enquanto isso Nelson que é uma raposa velha indagou o Doctor Gay.

Eu não trouxe meu cartão de crédito. Tem como você pagar pra mim? Eu acerto com você.

Doctor Gay queria ser fudido e não questionou, simplesmente passou seu cartão de crédito e bancou a conta do motel toda. Porém, Nelson havia mentido, ele não só trouxe um cartão de crédito em seu nome, como esse era do banco HSBC e o estava utilizando para separar carreiras e mais carreiras de pó para sua bancarrota.

A madrugada foi passando, cheguei a cobrar Nelson por duas vezes para ele acertar comigo e ele por sua vez sempre prorrogando para eu ficar mais, dando garantias que acertaria no fim da noite. Eu deveria ter ido embora, mas resolvi dar crédito a Nelson e acabei ficando, porém como os três ficaram curtindo, cheirando e resolvi ficar mais de observador, cheguei até cochilar e quando acordei notei que o dia clareou com os três cheirando, o morenão meia bomba sendo chupado pelo médico e Nelson fistando-o com uma das mãos.

Eu já não tinha mais energia para nada, quando finalmente os papelotes do clube do bolinha acabou por completo eles resolveram ir embora, nos vestimos, demos uma ajeitada no quarto, o médico e o moreno despediram-se e saíram primeiro, em seguida sai com Nelson que disse que iríamos ao caixa eletrônico.
Na recepção do hotel ainda constava pendências de água, gel, refrigerante, entre outras coisas. Nelson passou o cartão duas vezes e o mesmo foi recusado, então pagou com dinheiro e ainda sim faltava R$12,50.
Para não ficarmos no impasse de como resolver isso presos no motel eu abri minha carteira e paguei, saímos então rumo ao caixa eletrônico. Descemos a rua Augusta trocando algumas palavras.

O que você acha de ganhar um pouco mais e irmos para seu apartamento curtir por lá um pouco mais? Sugeriu o cara de pau.

Não, deixa para uma próxima, estou cansado e quero dormir um pouco.

Vamos ter que passar em casa para eu pegar meu outro cartão, tenho dinheiro nele. Disse Nelson.

Quase no fim da Augusta viramos e subimos em direção a praça Roosevelt no prédio número 68.

Você vai descer de volta? Perguntei já descrente de toda situação que se mostrava.

Claro, cinco minutos e desço. Disse o infeliz.

Os minutos passaram e nada, olhei para o movimento da praça ainda calma, alguns cachorros passeando com seus donos, idosos indo ao mercado... O céu ainda estava cinza. Eis então que desce uma senhora pequena, bem vestida e perfumada.

Bom dia. Disse ela saindo da portaria e fechando o portão que dava acesso para calçada.

Bom dia.

Bom dia.

Você ta esperando alguém?

Sim, estou.

Quem?...

Nesse instante me senti irritado com a pergunta e com a curiosidade daquela senhora, mesmo assim tranquilamente respondi.

Espero o Nelson.

Eu sou mãe dele. Você pode vir aqui no canto?

Caminhamos para o canto da calçada. 

Quanto ele ta te devendo? Perguntou a senhora sem cerimônia. 

Nesse instante percebi que a situação realmente era delicada. Encabulado eu omiti a verdade.

Ele me deve, mas é uma quantia de valor baixo. A senhora pode ficar tranquila.

Olha, eu não aguento mais isso. O Nelson pega toda a pensão que o pai dele deixou para mim e gasta. Ele me deixa sem dinheiro para comprar remédios... Pega toda minha pensão sai e volta só no outro dia. Eu já pensei em por a polícia atrás dele, mas ele é tão rápido que não o vejo sair de casa. Disse

Bom, eu realmente não sabia disso. Vim aqui acompanhando ele para pegar um dinheiro que ele ficou de me passar.

Quanto ele deve a você? Pode falar. Disse aquela senhora de olhar triste de desolado...

Não precisa se preocupar... Respondi a ela

Olha lá, ele já está me olhando da janela e depois vai brigar comigo por que conversei com você. Bom, eu vou indo. Saiu ela rapidamente.

Olhei para cima e Nelson saiu rapidamente da janela.

Realmente essa era uma situação a qual nunca esperei passar, era revoltante saber que praticamente levei um golpe sem ter feito nada para isso, apenas por ter acreditado na palavra de uma pessoa que simplesmente se aproveita da boa fé dos outros. Mais triste ainda era perceber que essa pessoa não respeitava nem quem o colocou no mundo e a ele dedicou todo seu amor.

A mascara de Nelson caiu naquele instante, quanto a mim ficaria no prejuízo como a situação de mostrava. Ainda insisti e pedi para o porteiro ligar no apartamento de Nelson.

Ele pediu para você olhar para cima, ele ta na janela. Disse o porteiro.

Com os olhos vermelhos e pálido ele jogou uma sacola pela janela que caiu lentamente. Peguei o embrulho e abri, havia um bilhete que dizia: POR FAVOR, PASSE AQUI 15 – 16H. MINHA MÃE PEGOU O DINHEIRO. PRECIO BAIXAR PARA PODER TER PAGAR. DESCULPA. MAS NESSE HORÁRIO VAI ESTAR AQUI!

Olhei para cima e ele fez um sinal pedindo desculpas. Sem ter o que fazer eu sai caminhando ainda estarrecido com a situação. Eu sabia que não veria a cor do dinheiro. Infelizmente eu levei um golpe, se ele não respeitava nem a mãe, privando-a de remédios e sabe-se lá o que mais, quem dirá um garoto de programa.

Bem feito! Fica como lição para nunca mais cair numa dessas! Disse minha consciência.

De volta em casa eu tomei um café da manhã reforçado e resolvi tentar dormir. Deitado eu olhava novamente para o teto, como a um ano atrás; Felizmente eu não sai daquela noitada dopado por drogas e tampouco angustiado com um aperto no peito. O sentimento era apenas de descrença e revolta. Muitas pessoas acreditam que uma pessoa por ser garoto de programa não tem caráter ou sempre age de má fé com seu próximo, essas pessoas preconceituosas geralmente colocam-se num patamar de ética e caráter, como se o titulo de GP não fosse digno para isso.

Mas o fato é que caráter não escolhe embalagem, com é o caso de Nelson, quem o olha dando aulas de música ou no dia a dia não imagina que aquele projeto de homem é um golpista e seu golpe maior não é enganar garotos de programa, seu golpe maior é enganar quem dedica a ele todo seu amor. Saindo dos meus pensamentos eu estava de volta olhando o teto, mas desta vez era o teto do meu apartamento, o qual sustento com meu trabalho como garoto de programa, sem roubar ou me aproveitar de ninguém, afinal, caráter não escolhe embalagem.

Dias depois, investigando com outros colegas de profissão, descobri que Nelson aplicou o mesmo golpe em pelo menos sete garotos, mas somente dois deles eu tenho certeza. De todo modo nada como viver um dia após o outro e a única paz que todos nós temos no caos da vida é poder dormir em paz, mas nem todos conseguem.

Enfim,  virei para o lado e adormeci o sono dos justos...


O garoto errado
garotoprivado@hotmail.com



10 de abr. de 2014

PARAÍSOS TROPICAIS & PRAZERES CORROMPIDOS

"A liberdade me ensinou e muito bem que nela se concentra todo o prazer possível." [ Margarida, rainha de Navarra ]

Um pouco de ilusão não faz mal a ninguém, já diria o poeta. Ocorre que cada vez mais as pessoas querem fugir da vida real para mergulhar de cabeça numa falsa realidade, onde o êxtase induzido pelas mucosas toma o controle da razão e sacrifica o corpo e os sentidos. Qual a graça em perder o controle de si mesmo em prol de uma “vibe” que vicia e cria dependências químicas e financeiras?

Para meninos e meninas que trabalham com o sexo essa é uma realidade cada vez mais próxima de nós. As pessoas buscam cada vez mais ilusão como fuga da realidade. Ignorar essa tendência é uma perda de uma considerável fatia do mercado. Mas como lidar e não se corromper nessa sociedade “Fcloud?”
Em São Paulo é quase inevitável não sair pelo menos uma vez por mês com clientes que curtem esses tipos de elixir psicodélicos, cocaína e poppers são os preferidos. A mim é um tipo de prazer incompreensível, pelo menos para sexo. Essa alteração de sentidos não me apetece. Aos passivos eles dizem que o importado e proibido Poppers eleva o nível de relaxamento para a penetração. Já para os chamados tekados que por entre mucosas absorvem gramas e gramas de pó branco, afirmam que o nível de tesão atingi ápices, porém perde-se totalmente a ereção e praticamente não se sente o prazer da ejaculação.

Pelo que observo esse prazer corrompido escraviza o corpo e condena a alma. O resultado dessa equação é que não há um gozo final, o usuário fica com um tesão permanente e com isso submete seu corpo cada vez mais aos seus limites. E se por um acaso ele consegue milagrosamente gozar e finalizar seu ato com uma ejaculação, minutos depois a necessidade de mais sexo volta por um estimulo de libido induzido.

Recentemente atendi a dois clientes que curtem tekar (cocaína). Um deles era Alex, um advogado no auge dos seus trinta e poucos anos, loiro, corpo bonito e de estatura média. Transamos numa tarde qualquer. Ele cheirou, colou-se de bruços sob minha cama e a meia luz do quarto foi um passivo amortecido por uma vibe que somente ele poderia explicar. Contudo, posso dizer que nem todos seus gemidos eram de prazer ao ser penetrado. Foi uma transa tranquila, penetrei-o gostoso, bombei em várias posições mas Alex não teve o prazer de uma gozada final. Ele apenas transpirou muito, tomou um banho, vestiu-se e saiu do meu apartamento mais agitado quando chegou.

Leonel foi um cliente ativo, chegou em meu apartamento e perguntou se eu curtia um teko. Declinei do convite mas disse que ele poderia usar com alguma moderação, já que ele deseja ser o ativo da relação. Preparou uma fina carreira sob minha nova bancada e com uma nota de cinquenta aspirou. Pouco tempo depois estávamos na cama, ele me fudeu não mais que 20 minutos, após isso seu pau caiu e a ereção oscilava muito. Ele tekou mais um pouco, fumou cerca de seis cigarros enquanto conversamos sobre emprego, moradia, e baladas, após 2 horas foi embora sem gozar.

Creio que todos prazeres são possíveis ao homem, não condeno quem os utiliza, até experimentei alguns. É tão delicioso assistir o nascer do sol tocado por uma brisa de maconha na praia ou confraternizar com amigos numa noite em que estamos embriagados por Baco com um bom vinho tinto. Mas o mais importante é saber escolher esses momentos e as pessoas com quem partilhamos eles, seja dopado ou de cara limpa, o mais importante é NÃO fazer desse prazer fugaz uma necessidade para encaramos a vida. Infelizmente há muitas pessoas que vive como se Woodstock fosse o AGORA. Sinto dizer que Woodstock já acabou...



O garoto errado.

27 de mar. de 2014

INFÂNCIA, DESCOBERTAS SEXO & DOMINAÇÃO

Há pessoas que reprimem suas boas qualidades e, conscientemente, dão livre curso a seus desejos infantis. A anulação das repressões pessoais traz à consciência, em primeiro lugar, conteúdos meramente pessoais; entretanto, já estão aderidos a esses conteúdos elementos coletivos do inconsciente, os instintos gerais, qualidades e ideias, imagens, assim como frações “estatísticas” de virtudes ou vícios em sua proporção média: Cada um tem em si algo do criminoso, do gênio e do santo. (...) [ Jung ]

Leonardo me ligou numa manhã de quinta-feira perguntado se eu estaria disponível para um programa por volta de 14h30. Disse ser somente ativo e perguntou se eu curtia de fato fazer passivo, afirmei que sim e respondi mais algumas perguntas. No horário combinado eu já estava arrumado e com o apartamento em ordem para recebê-lo.

Ao ouvir o som da campainha abrir a porta e para minha surpresa, Leonardo apresentou-se um homem por volta de 35 anos, corpo normal, moreno e de óculos escuro. Em uma das mãos trouxe uma sacola com um fardo de suco em lata sabor maracujá e pacotes de bolacha.

Eu trouxe pra você!

Obrigado. De fato eu não esperava, mas agrados são sempre bem vindos.

Me dirigi ao armário e a geladeira para guardar as coisas e ao agachar sinto Leonardo atrás de sim, pegou meu rosto e o esfregou no seu pau coberto pela calça. Depois tirou o dinheiro do bolso e disse. 

Toma! Segura e confere: R$ 100, R$200... Esse aqui é um presente pra você. Colocou mais uma nota de R$100 em minha mão.

Guarda lá e depois vem aqui no banheiro. Disse.

Até ali tudo bem, pois eu já estou acostumado com alguns impulsos que os clientes mais fetichistas têm e não me incomodo. Enquanto Leonardo estava no banheiro eu deixei o quarto a meia luz, tirei minha roupa ficando só de cueca.

Eduardo, vem aqui um pouco! Chamou.

Me dirigi ao banheiro e o encontrei de óculos escuros e touca cobrindo seus cabelos, num estilo mais mano. Estava próximo a pia. Sem dizer nada Leonardo virou-me de costas para si fazendo com que eu ficasse de frente para o espelho. Abraçou me pela cintura e apertou meu corpo conta o seu  e desatou a dizer suas taras enquanto mordiscava minha orelha.

Delicia menino, cinturinha pequena... Colocou uma das mãos por dentro da minha camiseta e alisou meu peito. Peitinho lisinho... Você me faz lembrar um mulequinho que eu pegava, o nome era Sinval. Eu fodia ele toda semana na saída da escola. Ele chorava na minha rola.

Anda, abaixa minha calça e chupa meus bagos. Vai!

Abaixei sua calça e a cueca de, o pau de Leonardo já estava duro feito pedra. Bem cuidado e cheiroso seu pau tem uma glande vantajosa e uma espessura média.

Chupa olhando pra mim, caralho! Só os bagos! O pau eu só deixo com camisinha.

Fiquei um tempo sugando as bolas de Leonardo e o encarando de forma ingênua, Já que era isso que ele gostava era isso que eu ia dar, inocência e obediência.

Cara eu acho engraçado ver um cara chupando... Disse. É gostoso chupar um pau de macho?

Uhum, é sim. Respondi

Coloca camisinha nele e fica em pé para eu meter no seu cuzinho, vai.

Enquanto eu baixava a cueca e passava o gel para me lubrificar, Leonardo pegou firme na minha bunda para checar o material. 

Que bundinha gostosa hein Eduardo! Fica olhando lá no espelho, mas não olha pra mim!

Com as mãos apoiadas na pia, deixei que ele encaixasse eu pau na portinha do meu cuzinho. Como doíam um pouco eu fiquei nas pontas dos pés.

Abaixa mais caralho! Disse. 

Aproveitando que a luz em cima do espelho estava acesa e a partir dela era possível vermos nossas pupilas mais detalhadamente, olhei fixamente para meu olhos enquanto Edson me penetrava sem dó. Ele meteu seu pau de uma vez e deixo-o dentro apenas pulsando enquanto eu acostumava com sua espessura. Dói muito quando metem de uma vez só, mas fazia parte da tara dele, então respirei fundo e tentei relaxar.

Cara, eu não gosto de beijo, não gosto de pau de macho e nem de pegação. Ainda mais com macho barbado. Quando você abriu a porta eu achei que não iria rolar. Você ta barbado, apesar da cara de menino eu gosto de rosto lisinho. Na próxima faz a barba hein.

Como estávamos nos banheiro em frente a pia e eu tinha tudo ali eu propus:

Posso fazer a barba agora. Você quer?

Delicia, nunca tive um muleque com meu pau dentro dele fazendo a barba. Por mim pode sim.

Enquanto eu fazia todo ritual de fazer a barba, molhando o rosto e passando a espuma, Leonardo continuou a conversar comigo.

Meu único defeito é esse, gostar de cu. Sou louco por comer cuzinho de viado. Comi meu primeiro cu com 14 anos, depois disso nunca mais bati punheta.

Sério? Como foi? Perguntei enquanto passava a espuma para me barbear.

Quem me incentivou a comer cu foi um amigo meu, o João, ele era safado. Antes eu só batia punheta, ai um dia o João me disse. “Pô Leozinho! Nunca comeu um cu?” Come um pra você como é bom! Ficávamos eu e ele na escola de olho nos muleques bichinas, aqueles que não se enturmavam muito com os meninos e ficavam mais próximos das meninas. Esses a gente chegava junto.

Tinha um garotinho chamado Sinval, esse daí morava na minha rua. Sempre desconfiei dele... Não se enturmava com os meninos, só ficava para o lado das menininhas. Ficávamos eu e meu amigo João que era mais velho olhando esses tipos de menino no bairro. Num papo com o João sobre punheta ele me perguntou.

E ae Leozinho, já comeu um cu?

Eu não! É bom? Eu perguntei.

Porra cara, se você comer um cuzinho um dia nunca mais vai querer saber de punheta.
Será?... Fiquei com aquilo na cabeça.

A essa altura eu já lavava meu rosto e Leonardo pode me ver com a pele lisa. Poxa, Eduardo, ficou bem melhor! Gosto assim cara, quero que você me receba sempre assim quando eu voltar.

Pode deixar...

Acho que seremos bons amigos carinha. Gostei de você, é obediente, não reclama de vara, fez a barbinha pra mim... Vem, vamos lá pra cama. Anda assim juntinho com meu pau dentro de você.

Caminhamos para cama devagar, Leonardo deitou-se de bruços por cima de mim. Já mais relaxado eu senti o pau dele pulsando dentro de mim e ao mesmo tempo também o apertava com o cuzinho.

Nossa cara, adoro quando o cara aperta meu pau assim, continua que eu gosto. Disse ele.

E continuou a contar suas proezas. Na época que eu comi o Sinval, eu tinha uns 14 anos e socava uma todo dia. Eu trabalhava no armazém do meu pai e um dia, já era fim de tarde, o Sinval foi lá e ficou enrolando, ai vi que ele pegou um pacote de bolacha e enfiou dentro da roupa tentando roubar.

Disse a ele. Porra Sinval, eu vi o pacote de bolacha que você pegou.

Eu não peguei nada Leozinho.

Pegou sim! Eu vi, senta ai e me espera fechar o armazém, senão chamo a polícia!

Ele ficou lá esperando eu fechar a loja. Baixei a persiana e disse.

Vou chamar a polícia pra você!

Não Leozinho, por favor! Eu faço o que você quiser. Mas não chama a polícia, por favor!

Disse chorando. Até parece, que eu ia chamar. Ele tinha uns 11 anos e acreditou que poderia ser preso. Ai dei o bote nele.

Então você vai ter que dar o cu pra mim!

Não Leozinho, isso não cara! Por favor!!

Vou chamar a Polícia... Você que sabe. Você vai preso! Vou ligar agora, caralho!

Não Leozinho, vai doer cara...

Eu vou devagar, anda, deita ai no saco de batata. É rapidinho...

Eduardo, abaixei o shortinho dele, ele tremia, abri a bundinha, dei uma cuspida no cuzinho, passei só a cabecinha e ele arrepiou todo. Não aguentei e meti tudo de uma vez. Eu só vi a lagriminha rolando no rosto do Sinval. Como eu tinha medo de chegar alguém no armazém e nos pegar eu meti rapidinho. Ele chorava.

Não Leozinho, ta doendo, tira, tira! Por favor! Para Leozinho.

Meti assim nele ó. Disse metendo forte em mim e bombando.

Só parei quando gozei dentro dele. Depois disso nunca mais eu bati punheta, comia o cuzinho dele umas três vezes na semana.

Leonardo tinha prazer de me ver se bruços com ele por cima de mim me penetrando. Na verdade ele passou boa parte do programa me contando suas aventuras de moleque. Com seu pau dentro de mim e de vez em quando fazendo um vai e vem mais forte ele parava e contava mais aventuras de sua infância. E eu ficava ali, vulnerável e bom ouvinte.

Contei para o João o que tinha rolado e que o Sinval tava dando pra mim. Ai ele ficou louco querendo comer o moleque também e combinamos uma parada. Como eu ficava todo dia sozinho em casa, eu iria convidar o Sinval para jogar vídeo game em casa. Ai iria deixar a porta da cozinha destrancada para o João entrar e nos pegar de surpresa, ver eu comendo o Sinval e ameaçar Sinval, ou ele dava o cu para o João ou o João contava para todo mundo na rua que ele era viadinho.

Armamos tudo e depois da escola chamei o Sinval para ir em casa. Como combinado depois de jogarmos um tempo eu cheguei nele e ele topou dar pra mim. Ficamos no sofá metendo, o João entrou pela cozinha, foi para sala e viu a cena toda.

Porra! Sinval, você da o Cu cara? Vou falar para todo mundo na rua.

O Sinval chorava cara, dava dó de ver o moleque.

Não João, por favor, não conta nada, por favor...

Só não conto se você dar o cu pra mim também. Disse o malandro.

O Sinval não teve escolha, teve que dar o cuzinho para o João. O pior era que o João já tinha uns 16 anos, e tinha um pau “maiorzão”. Ele era malvado e não tinha dó do moleque, metia forte e quanto mais o Sinval chorava mais ele metia fundo. Eu que era meio bobo e ficava com dó do Sinval, mas não podia fazer nada. Se chegasse perto o João empurrava e continuava metendo

João, ta doendo vai devagar... Chorava o Sinval. Leozinho, me ajuda ele ta me machucando. Me ajuda Leozinho. Pedia o Sinval.

Leozinho, fica ai! Não vai ajudar não! Dizia ele bombando forte no cu do Sinval.

Ta vendo? Você não pode ter dó. Esses viadinhos reclamam mas gostam de ser maltratados, gostam de levar rola forte no cu. Dizia o João montado e metendo fundo no Sinval. Fodeu o moleque por uns 20 minutos, depois gozou e disse que a partir daquele dia ele iria ficar dando pra nós dois.

O Sinval foi embora pra casa assustado e com o cu estourado pelo João. Mas com o tempo percebi que ele gostava mais do João por que ele não tinha dó. Ele metia e não parava. Já eu, era mais mole e toda vez que o Sinval reclamava que doía eu metia mais devagar.

Eduardo, meu único defeito é esse cara, gostar de cu. Disse Leonardo e passou a meter forte, bombando cada vez mais, como seu pau já estava dentro de mim por cerca de uns 40 minutos estava gostoso e eu gemia de prazer a cada metida que ele dava. Leonardo então puxou meus cabelos, aproximou sua boca do meu ouvido e repetiu as frases de Sinval.

Para Leozinho, ta doendo, ai para, para! Você ta estourando meu cu... Ai... Até que gemeu forte e por longos segundos numa gozada farta. Ficou por alguns minutos por cima de mim relaxando, depois tomou banho, vestiu-se e de óculos escuros disse que voltava.


O garoto errado

20 de mar. de 2014

MEU NOVO NOME

A experiência é o nome que damos aos nossos erros. [Oscar Wilde]

Nesse formigueiro onde milhares de operários trabalham dia e noite sem parar, eu me encontro no leme do que chamo vida. As vezes encontro espasmos de tempo onde me vejo fora do corpo de Eduardo e me pergunto. O que eu vim fazer aqui?

Acho que se eu pudesse voltar atrás eu não teria entrado nessa vida em segundo plano. Uma vida onde eu  fui me ...anulando...anulANDO...anULANDO...ANULANDO... Até que Eduardo me dominasse por completo para me jogar num mundo no qual não uso meu nome de batismo, o nome onde me comecei construir criança, o nome onde me descobri e me redescobri.
E se de fato uma palavra tem peso, um nome tem uma VIDA....

Infelizmente como tantos outros eu perdi meu nome, perdi minha vida. Na bagagem nem fotografias eu quis. Afinal, meu novo nome não me deu amigos, meu novo nome me apresenta estranhos.  Meu novo nome é indigente. No erro de me rebatizar eu nasci outro, mas um outro sem a inocência, um outro sem pai... sem mãe... um outro que já conhecia a maldade do ser humano, e nasceu pronto para mentir um sorriso.

E vestido em carne e osso desse outro eu vivo no centro de uma célula doente, onde todos lutam pela existência, sobretudo monetária. Até quando meu outro vai resistir? Uma resposta que não sei dizer.

As horas passam, já é madrugada e as palavras se esgotaram, é hora de desligar tudo e dormir na escuridão que ainda persiste... Amanhã será um novo dia... Amanhã terei um novo nome.

O garoto errado

Garotoprivado@hotmail.com

11 de mar. de 2014

RAPOSAS TAMBÉM TRANSAM

Prefira os inimigos que os amigos descontentes [Maquiavel]

São Paulo é uma cidade bastante intrigante. É uma terra saturada de pessoas e oportunidades. Em geral quem vem para cá não está disposto a perder a partida e faz de tudo para estar no topo sempre. Muitas dessas oportunidades transformam essas pessoas, cada um a sua maneira. O meio em que vivemos de fato nos influência e isso pode ser tanto para o bem, como para o mal. Por que no mercado do sexo seria diferente?

Competição? Concorrência? Vaidade? Medo? Inveja?

Não sei, talvez uma ou mais razões juntas sejam motivos para transformar a personalidade de um homem. Somos dotados de muitas falhas e a corrupção de caráter é uma das mais graves. O fato é que quando se chega a um novo lugar e de alguma forma desperta-se atenção por sua bagagem, a curiosidades dos que estão a sua volta será inevitável. Muitas pessoas vão se aproximar de você, rodea-lo, observa-lo, cheira-lo e como raposas vão esperar o momento certo para o bote.

Tenho conhecido pessoas, algumas delas agregam em meu dia a dia, outras não, estão somente de passagem na busca por sugar minha energia, descobrir meus pontos fracos e quem sabe me desestabilizar. Nada melhor que ser solicito para isso. Não? A tática mais velha contra um concorrente é infiltrar-se no campo do adversário como um bom amigo, somente assim você terá acesso as informações mais secretas.

Mas algumas raposas são sedentas por sede, querem o sangue ainda correndo nas veias de sua presa e não se atentam que para o bote final há que ser ardilosa e dotada de massa cefálica, caso contrário, a presa sente cheiro do perigo, escorrega por entre suas garras e foge.

É madrugada e não consigo me despir da metáfora para redigir esse texto. O fato é que ter parceiros de trabalho numa cidade como São Paulo requer tato, paciência, inteligência e bom senso. O mercado está cheio, mas muitos profissionais ainda carecem entender que somos um produto exposto numa prateleira. Quem nos escolhe é o cliente. E não o contrário.

Você pode tentar puxar o tapete de seus parceiros, mas o êxito é tão irrisório, você ganha um cachê hoje, para perder outros dez amanhã. Felizmente há raposas que são apenas pequenos cães com dentes já podres e fracos para mastigar carne. Isso me permite aprender viver na selva de pedra enquanto não crio uma couraça com a blindagem necessária.

Ao passo que vivo nessa cidade eu tenho me encontrado e sentido-me mais seguro em minhas atitudes e escolhas. Certamente irei sofrer mutações “no melhor sentido da palavra”. Mas meu caráter é algo que foi lapidado no berço e no colo de minha mãe.  Terei de São Paulo o que for de mérito legitimo e nada mais. Sou contra calçar sapatos com solas de aço para esmagar quem quer que seja.


O garoto errado

21 de fev. de 2014

PESQUISA DE CAMPO & PÚBLICO OBSOLETO

Nem sempre funciona, mas se você não tentar, "nem sempre" vira "nunca". [Aldo Novak]

Cheguei em Campinas numa sexta-feira a tarde. Hospedei-me no mesmo flat da primeira temporada. Logo que cheguei não tive muito tempo ocioso, pois já havia um cliente marcado que chegou logo em seguida. Ativo e muito safado ficamos deitados numa pegação gostosa, até que ele partiu para o ataque. Me penetrou comigo cavalgando seu pau grosso e pedindo que eu rebolasse e lhe falasse putarias.
Isso, vai rebola pra mim. Que delicia...

E quanto mais ele pedia mais eu fazia. Sexo é como um prato onde se tempera com pequenas medidas e vai degustando, até acertar o ponto. Pode ter certeza que sabor do prato será único. Saber a medida do tesão e do fetiche de cada cliente não é fácil, mas quando se descobre é só ir a fundo e deixar o momento rolar.
E assim seguiu minha sexta , atendi dois clientes por dia, incluindo uma pernoite, além do sábado em que tive quatro clientes.

Entre eles atendi um cara bem interessante; baixinho, corpo normal e bem cuidado. Passivo de mão cheia, Lucas tinha fetiche por consolos. Em nosso contato fez questão de mostrar alguns por fotos no whatsapp e por fim fechamos um programa. Inicialmente ele contratou-me para ser ativo, mas perguntou se eu gostava de brincar com consolos. Por que não? Disse a ele. Porém, impus algumas regras para que ele não extrapolasse os limites.

O espertinho era bem guloso, levou-me para sua casa e recebeu-me muito bem. Fomos para o quarto nos pegamos gostoso e o malandrinho levou rola por apenas 15 minutos, depois quis partir para brincadeiras com consolos. E regado a muito poppers ele sentou em um pau emborrachado e grosso de 24cm. Em seguida quis que eu repetisse sua proeza, mas embora eu faça passivo eu não sou ninja no assunto. Sou um bom passivo, mas tomos cuidados devidos para não acabar com minha ferramenta de trabalho. Fiz uso de poppers também e fui até metade do consolo, foi muito bom, não fiz malabarismos para não me arrepender depois. Nossa noite terminou com um giro pela cidade e depois fiquei no flat.

Cidades como Campinas tem um fluxo interessante de clientes, percebi que garotos vindos de outras cidades maiores despertam um frisson no publico masculino. É a tal sensação de produto inatingível e exclusivo para poucos. Em geral os garotos visam cidades maiores e turísticas onde o mercado já é saturado como, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Óbvio que essas cidades dão uma certa visibilidade e até um retorno interessante, mas ainda sim é preciso ir bem estruturado, com fotos, blog, celular e se possível local discreto para receber seus clientes.

O domingo começou com sol quente, tomei meu café da manhã e voltei para meu quarto para checar recados e agenda. Não havia nada marcado mas logo surgiu um cara interessando em marcar um horário para 14h, após o almoço, seria o primeiro do dia. Conversamos um pouco no skype definimos o horário e logo ele chegou.

Alto, magro, negro, com rosto que aparentava certa ingenuidade ele perguntou se aceito pagamento online.
Aceito pelo pague seguro. 

Você prefere fazer por lá? Perguntei.

Sim, mas tem um problema. Esqueci meu cartão em casa. Posso anotar o número de sua conta e depositar depois?

Só me faltava essa...Pensei comigo

Então você saiu da sua casa, levou mais de 1hora para chegar aqui e não se deu conta que esqueceu seu cartão?

Sim, eu lembrei. Mas já estava na metade do caminho.

Se quiser  Você pode ligar na sua casa e pedir para alguém lhe passar o número  validade do cartão. Assim você pode fazer o pagamento agora. Abro meu blog aqui, tem internet...Propus a ele.

Complicado cara... Disse ele.

Bom, então ficamos para uma outra oportunidade. Você quer uma água antes de ir embora?

Passado o episódio surreal, voltei minhas atenções para o computador. O lance de se viajar entre cidades é que você acaba conhecendo pessoas. Algumas delas são legais e podem até te ajudar, por outro lado há também aquele típico curioso, que vai te adicionar no skype e grudar feito chiclete te enchendo de perguntas e até propondo insanidades, como  querer que você o leve para fazer programas como se fosse algo mais natural do mundo. Álvaro era um desses lunáticos. Chegou a propor que eu e ele dividíssemos o flat para que ele também participasse da temporada fazendo programas. Até economizei meu vocabulário em lhe explicar o por que do “NÃO ROLA”. Mas com sua inteligência limitada seria demais para sua massa cefálica.

Contudo eu estava chaeado com  o domingo, fazia sol e eu enfiado naquele quarto, sem conhecer direito a cidade. Até que me aparece Álvoro no chat me amolando. Eu já o havia excluído do skype, mas ele sabia que eu estava em temporada e ficou me seguindo por onde eu divulgava.

Hey Edu, ta tranquilo nesse domingo?

Sim, estou.

Não teve clientes ainda hoje.

Não, trabalhei muito na sexta e sábado e hoje estou mais sossegado.

Cara, aqui em Campinas tem uma sauna bem legal. O que acha de irmos lá. Você pode conhecer gente. Domingo vai todo mundo pra lá.

Não rola cara. Nunca trabalhei em sauna e nem tenho malícia para isso.

Meu, você é de fora. Ninguém te conhece e tenho certeza que vai fazer sucesso e muitos clientes por lá. Pagam bem e você pode até sair com algum cliente de lá para um motel.

E como é essa sauna? É discreta? Há muitos garotos? É tranquilo ir para lá.

Sim, domingo costuma lotar, são muitos coroas que curtem garotos. Há garotos por lá também, mas são feios. Tenho certeza que você se dará bem. Se quiser passo ai e vamos de táxi.

Posso até ir cara. Mas não ficarei muito tempo pois tenho cliente a noite.

Fechado. Me passa o endereço passo ai em 30 minutos e vamos de taxi pra lá.

Eu devia estar louco, mas resolvi embarcar na de Álvaro. Embora ele só quisesse pegar carona por eu ser GP, eu iria topar essa aventura em conhecer e quem sabe fazer meu primeiro programa em sauna. E embora  meu sexto sentido já me alertasse eu resolvi  argumentar com a consciência. Não moro na cidade, será por apenas poucas horas e se der tudo errado eu tomo algo e volto para o flat. Estava decidido. Eu iria a essa sauna ver qual era.

Em pouco tempo Álvaro chegou ao flat, apertamos as mãos e finalmente ele me conheceu. Parecia bem mais animado do que eu. Confirmei algumas coisas com ele referente a essa sauna e pelo nome e endereço achei o site. Chequei a programação e de acordo com o informe havia churrasco todo terceiro domingo de cada mês ou seja, não era o caso daquele domingo. Enfim saímos de taxi. Em poucos minutos chegamos tão badalada sauna.

Tratava-se de um casarão num bairro bem tranquilo e de pouco movimento. Com a fachada pintada num tom azul mar e portão todo preto parecia grande. No portão havia uma placa anunciando um domingo de churrasco, algo que não estava na programação do site. Da rua ouvíamos um som relativamente alto e barulho de pessoas conversando.

Só até ai eu já pressenti que não deveria ter ido, churrasco e sauna pra mim são incompatíveis. Mas já que estava na chuva resolvi me molhar. Entramos por um corredor todo fechado por plantas, acho que era para ser uma espécie de jardim. Próximo a porta do casarão haviam mesas, cadeiras e homens comendo, bebendo cerveja, alguns de shorts e sungas, outros de toalhas. Como sempre, quem chegava era analisado por olhares criteriosos.

Dentro do casarão uma mistura de forró com eletrobrega, coisas desse tipo, um entra e sai ensandecido de velhotes e boys. E sem querer me gabar dos meninos que estavam lá eu tiraria uns três com o conjunto corpo e rosto bonitos e apresentáveis. O  restante era literalmente mal cuidado. Os armários estavam todos lotados, então tivemos que esperar cerca de 30 minutos para liberarem armários para podermos tirar nossas roupas e guarda-las.  

Embora o casarão fosse relativamente grande, os espaços eram mal planejados. Da grande sala foi feito um um salão com mesas, som alto, um projeto de bar, tudo as claras onde as pessoas pareciam que estavam no metrô de São Paulo, andavam de lá para cá. Havia uma área para duchas, mas totalmente aberta a esse salão, onde as pessoas que passavam podiam ver quem estava tomando banho. A sauna a vapor era um fiasco, um corredor com uma portinha e não cabiam mais do que seis pessoas. A sauna seca era um cubo, já a sala de vídeo que tinha uma luz mais baixa, porém absorvia boa parte do barulho externo das demais áreas e por fim as cabines que não tinham nada de especial.

Dos tais clientes em potencial os quais Álvaro tanto me disse, haviam velhos e mais velhos, a partir daí você só via uma variação deles. Velhos barrigudos, velhos mais secos, velhos caquéticos, velhos mais estilo garotão, velhos mais safados, velhos mais contidos e com sorte cerca de três coroas mais enxutos.  
Dos garotos o que eu notei é que nenhum me parece profissional, eram apenas caras novos que iam para lá fazer uma grana extra de fim de semana. Nenhum malhado, muitos negros e mulatos e curiosamente além de andar enrolados em toalhas eles também usavam sunga. Não expunham o pau, era o tempo todo de sunga. Salvo um boy bem mais velho e gordo que desfilava abrindo sua toalha a quem quisesse e seu grande desafio era encontrar um cliente.

Enquanto Álvaro andava de lá para cá flertando com quem desse mole a ele, eu resolvi ficar na minha e me deixar ser observado. Fiz um pouco de sauna a vapor, tomei uma ducha sem cueca e por fim, fui ao meu armário, coloquei minha cueca e sentei de toalha na área externa ficando entretido ao meu celular. Logo chegou Álvaro e ficamos conversando, até que ele fez sinal para mm de que um cara estava nos olhando. Não demorou muito e ele o convidou para nossa mesa.

Como sempre Álvaro não sabia nem conversar, ele queria era fechar um programa com o cara.

Me chamo Eduardo e você? Perguntei

Luis Eduardo. Tenho Eduardo também no nome.

Bacana, esse é meu amigo. Apresentei Álvaro.

E você Luis, é de Campinas mesmo?

Sim, sou.

Eu sou de São Paulo. Estou aqui de passagem e vim conhecer a sauna na ideia do meu amigo aqui.

Conversamos um pouco, Luis era de poucas palavras e quanto a Álvaro... bem, esse estava mais perdido do que GPS sem sinal.

Luis era um dos poucos coroas interessante e bem cuidado, careca, barba feita, corpo malhado e olhos grandes ele flertava comigo durante a conversa.

E você faz o que?

Sou garoto de programa. Respondi com um sorriso.

Ah, você também é garoto de programa. Não parece. Disse com uma das sobrancelhas levantadas.

Essa é a intenção. Respondi.

E você, não ta afim de liberar uma grana pra gente curtir com você. Disparou Álvaro com mais uma de suas gafes.

Logicamente Luis Eduardo recusou o convite e foi dar uma volta. Em seguida eu também sai para não pagar mais mico com meu colega projeto de gp e cafetão. O clima na sauna continuava agitado, a noite chegava e alguns boys se apressavam para garantir seu cachê.

E ai, agora que começa a hora boa aqui na Sauna. Perguntei para um boy.

É legal chegar mais cedo, mas esse horário também rola. Os caras pegam boy quando estão para ir embora. Respondeu ele.

Logo chegou um cliente do rapaz, um coroa quase albino e acabou laçando o boy. Sem mais nada para fazer decidi dar mais uma volta e ir embora. Na sala de vídeo fiquei sentado enrolado na toalha, haviam também mais um boy que tocava uma bronha de pau duro tentando pescar os coroas que passavam em direção as cabines. Logo ele se cansou e saiu, continuei por lá sentado, até que sentou um coroa ao meu lado e ficou punhetando seu pau meia bomba  e me olhando. O coroa olhava e punhetava, olhava e punhetava. Até que...

Criei coragem e perguntei. E ai, afim de curtir um pouco?

O velho se animou e passou a mão na minha perna. Estou sim.

Mas você é gp?

Sim, sou.

E quanto você cobra?

Disse o valor e foi o suficiente para o coroa se levantar e debandar para outro canto da sauna. Isso por que eu não cobrei o valor que cobro em São Paulo, disse um valor abaixo do normal e compatível com saunas na capital. Naquele momento constatei que saunas definitivamente não são para mim. É um campo muito ingrato, você passar horas andando de toalha e como num açougue fica exposto. As pessoas tiram o máximo de proveito dos garotos, alisam, tocam e bobear até fazem oral em você e na hora H partem para o próximo. Com isso os garotos se vendem a preço de banana e nem sempre a ida em uma sauna é garantia de cliente. Aprendi que esse campo de saunas se configura diferente a partir do seu público alvo. Tenho curiosidade em ir em algumas saunas de SP. Mas o episódio em Campinas serviu como um alerta. Nem todo lugar que se diz sauna é de fato bem frequentado e proporciona diferentes possibilidades. É preciso sondar o campo antes de investir e se aventurar como um produto. Afinal, nem todo produto serve para todos tipos de publico.

Já era noite, procurei por Álvaro e o chamei para irmos embora. Pedimos um táxi e em pouco tempo eu já estava em frente ao flat. Álvaro até tentou um truque para subir, mas dispensei-o junto com o táxi. Mesmo assim ele mandou sms de madrugada me pedindo em namoro, disse que eu poderia continuar trabalhando como gp e até propôs trabalhar junto comigo... Sem chance e sem comentários... Não entendo essa paixão platônica que algumas pessoas conseguem desenvolver em questão de horas sem saber nada do outro.

Bem, era minha última noite em Campinas e mesmo com o contratempo da sauna minha rede de cidade foi ampliada, atendi clientes diferenciados e com isso fiz mais contatos para próximas viagens. O relógio marcava 21h15, eu ainda tinha tinha um cliente marcado para ás 2h da manhã e outro para as 10h de segunda feira, antes de partir para São Paulo. Por isso tratei de comer algo e descansar um pouco para estar bem disposto afinal eu tinha um terceiro turno pela madrugada.

Uma das profissões mais antigas do mundo, ser garoto de programa é também uma profissão facilmente confundida com sinônimo de grana fácil, mas é uma realidade muito distante. Não há amparo legal nenhum, a sociedade que nos mantém contratando nossos serviços é a mesma que age com preconceito quando é confrontada de frente. Ficamos a mercê e vulneráveis ao mercado que muitas vezes é generoso e na maior parte das vezes é ingrato, sem contar nos profissionais que mancham a profissão com atitudes duvidosas.

Felizmente sexo é algo necessário na vida de qualquer ser humano e por esse motivo a profissão irá perpetuar por anos. Então, nós garotos de programa entramos nessa vida, como um mineiro numa mina escura a procura de ouro e diamantes, esses por vezes estão presos e escondidos nas paredes de pedras, espessas e duras. E nessas minas escuras cavamos, cavamos e cavamos em busca da luz.

O garoto errado

Garotoprivado@hotmail.com