11 de abr. de 2017

PRAZER E BRUTALIDADE - O ENCONTRO COM O REI TRONADO - [PARTE FINAL]



Pobre desejo que não sabe se esconder, apenas me faz cobiçar fetiches e pescar sonhos. [Caroline Lourenzone]

A porta se abriu, como estava de cabeça baixa eu só pude ver um feixe de luz e ouvir o som da cadeira de rodas. O  rei tronado se aproximou vestindo uma camisa polo azul realeza, estava nu da cintura para baixo, com cuidado levantou meu rosto, olho fixamente e disse:

Você demorou muito... Fecha a porta pra gente

Conforme ordenado atendi seu pedido e voltei a ficar de joelhos, totalmente submisso senti Érico acariciar meu rosto, levemente, me colocando face a face, até que veio o primeiro tapa, ele não media sua força, senti meu rosto queimar.

Você agora é meu! Por que me deixou tanto tempo esperando?

Você sumiu, combinou comigo um horário e sumiu por três horas, achei que havia cancelado e sai para comer algo. Respondi em vão tendo minha cabeça em suas mãos.

Como uma guilhotina que corta a pele Érico deu sucessivos tapas em meu rosto, foram sete no total, a cada tapa a força empregada era maior. Meu rosto queimava, meu ouvido esquerdo doía e passei a ouvir um zumbido. Naquele momento bateu um arrependimento, prometi não esmorecer e fiquei em silêncio. De joelhos, entre as pernas e a cadeira de Érico me mantive apático, talvez ele esperasse que eu chorasse ou suplicasse, mas não o fiz.
Olhando fixamente para meu rosto vermelho, Erico pegou em no meu mamilo esquerdo e apertou o mais forte que pode, torcendo minha pele. Neste instante senti tanta dor que por impulso segurei e tirei sua mão.

Vai para cama e deita de bruços...Pediu ele.

Ao deitar na cama fiquei acompanhando a movimentação do rei, ele se dirigiu para um dos lados da cama, reparei que havia separado acessórios para realizar seu fetiche com requinte, entre eles cintos, cordas e vendas. Érico pegou um cinto preto, se aproximou, acariciou minhas nádegas com olhar fixo, como um psicopata, depois de uma longa pausa...

Você sabe contar?

Sei...

Então conta... Deu o primeiro golpe de cinta.

Hum...

Senti minha pele queimar, a cintada ardeu na carne, logo depois da ardência era possível sentir o sangue esquentar e a dor amortecer o flagelo.

Dois...

Érico aumentou a força e a mesma dor se repetiu de forma mais aguda.

Três...

Minha pele parecia rasgar, era a sensação do sangue circulando cada vez mais quente.

Quatro...

Segurei seu pulso, ele ainda tentou medir forças comigo, mas foi em vão, puxei o cinto de suas mãos, olhei firme e recusei continuar.

Cara, não da mais, eu disse que aguentaria até meu limite e chegou. Você não mede seu fetiche. Se quiser continuar será sem violência!

Desapontado e com uma cara de poucos amigos o rei concordou, girou seu trono enquanto se direcionava para cama. Tentei me acomodar, mas as dores no rosto, mamilo e corpo não deixaram. 
Érico deitou do meu lado e ficamos abraçados, alguns beijos, uma tentativa de sexo oral, mas ele disse que só queria ficar abraçado... Da minha parte não havia mais clima, agi de forma profissional, troquei carícias, afagados até adormecermos.

No dia seguinte, pedimos o café, ele por duas vezes perguntou se eu voltaria para vê-lo, respondi que poderíamos conversar, mas dentro de mim a resposta era não. O primeiro  motivo era por não poder corresponde-lo de forma afetiva, já o segunda era pela falta de compaixão com a qual ele fazia questão de tratar quem ele não conseguia ter. No meu caso ele fez questão de maltratar por eu ter me recusado a criar um vinculo que levasse a uma relação.
Somado isso há também a revolta por perder o movimento das pernas, o sentimento de rejeição e frustração.

Érico precisa se reencontrar, mas a prepotência em querer comprar seus caprichos o fazem perder a noção do humano. Durante o banho meu mamilo esquerdo estava com um grande hematoma, o corpo ainda doía. Vesti minha roupa, acertamos o pagamento e ás 11h peguei um ônibus de volta para meu hotel.


FIM DA TEMPORADA

Após minha temporada em São Paulo, retornei para minha cidade. Em contato com Érico ele por tentativas consecutivas quis me persuadir a encontra-lo novamente, dizia-se apaixonado e que eu havia despertado algo diferente dentro dele. Entre seus devaneios propôs namoro, moradia e ajuda financeira ao seu lado. Sempre muito claro expliquei a Érico que tenho consideração por ele, mas que somos diferentes em muitos aspectos, além disso uma relação onde ambos buscam envolvimento não se estabelece dessa forma. A limitação dele ser cadeirante pra mim é um detalhe, o X da questão é não haver sentimentos, tanto da minha parte quanto da parte dele, que insiste em se enganar.
Para mim Érico já sofreu muitas rejeições, até mesmo de garotos de programa e por esse motivo ele desencadeou uma violência que aplica em forma de punição. Ele precisa se aceitar e sair do papel de vitima, o fato de estar numa cadeira de rodas tira oportunidades mas ao mesmo tempo nos mostra outros caminhos.

Enfim, eu estava decidido, nem para programa acontecerá novamente. Foi uma situação que não me fez bem, não por apanhar (eu sabia onde estava me metendo) de forma consensual, mas por ele não respeitar os limites de outro ser humano e por acreditar que mesmo pagando isso da o direito dele fazer o que bem entender com outra pessoa, sem se importar na dor que ela estará sentido. É muito duro ver a mesquinhez e o egoísmo do outro. Diante de minhas negativas Érico sumiu.

 

O LOBO SAI A CAÇA

Um sociopata nunca se dar por vencido. Érico partiu a caça, tinha por praxe contratar garotos do interior do Estado. Diferente dos acompanhantes das grades capitais, garotos do interior são menos maliciosos, cobram mais barato e são mais ingênuos, sobretudo se forem inexperientes no ramo.
Seu nome era James, alto, forte, branco, estilo militar, era um rapaz com apenas dois meses atuando como GP; uma preza fácil ao olhos de Érico que entrou em contato com o rapaz e explicou seu fetiche baseado no filme romântico “Cinquenta Tons de Cinza”, porém, de romântico a cede de violência empregada pro Érico não tinha nada.

O encontro foi fechado por R$ 1 mil reais para uma sexta-feira a noite no motel habitual do rapaz. Assim que Érico se viu diante do jovem rapaz, partiu para agressão hardcore, com tapas no rosto cada vez mais fortes o novo convidado não aguentou a dor e retribuiu o cadeirante com um soco no rosto e uma torção em seus mamilos. Érico se viu provando do próprio remédio e pediu para James parar.

 Nessa queda de braço o jovem agressor não se deu por vencido, descansou o restante da madrugada mas no amanhecer do dia a agressão retribuída só o instigou a oferecer mais dinheiro para James.

Você vai voltar? Perguntou em voz baixa com expressão suave aplicando o que vejo como Gestalt – A psicologia da Gestalt enfoca as leis mentais - os princípios que determinam a maneira como percebemos as coisas.

Pow cara, você falou que não iria deixar marcas, olha meu mamilo, todo roxo! Vou ter que esconder isso da minha namorada! Retrucou James indo para o banheiro.

Pago a você R$ 2 mil reais para voltar no próximo sábado e tentar apanhar. Propôs o rei com sede de sangue

Cara, vou pensar... James mudou o tom.

Érico se achava invencível em seu trono sobre rodas. Por mais bizarro que possa parecer uma limitação física faz do mais crápula um vulnerável a complacência humana. Porém a ganância de James, um vassalo aspirante deslumbrado com cachês altos despertava um falsário.

A conversa entre ambos se estendeu por uma semana. De um lado James recusava um novo encontro, mas deixando pistas que poderia ceder, do outro, a mente doentia e fetichista de Érico idealizava uma nova tortura com requintes de crueldade.

Você vai se vender por inteiro? Ofereço por mês a você R$ 1200,00 para um encontro romântico, sem violência e R$ 2 mil reais para você deixar eu te bater. Propôs o jovem rei de seu trono sobre rodas.

Aceito! Você pode adiantar R$ 500,00 reais para minha conta? Me encontrarei com você neste sábado.

A Gestalt surgiu como uma doutrina de oposição ao Atomismo, uma filosofia que acreditava ser possível a percepção do todo apenas após a compreensão das diferentes partes.
De acordo com o psicólogo austríaco Christian von Ehrenfels, a percepção humana é formada a partir da junção de duas características das formas: as sensíveis (relativo ao objeto em si) e as formais (os ideais e visões de mundo particulares de cada indivíduo).
Essas leis foram estabelecidas a partir da observação do comportamento do cérebro ao longo do processo de percepção das formas e imagens.
As Leis Básicas da Gestalt são: Semelhança, Proximidade, Continuidade, Pregnância, Fechamento e Unidade. https://www.significados.com.br/gestalt/

Érico percebeu em James uma ganância desmedida, James percebeu em Érico uma vontade exacerbada de estar no controle da situação, proximidade e semelhanças que levou ambos a um novo acordo. No dia combinado Érico foi para o hotel e esperou...esperou...esperou. Ligou no celular de James e o mesmo estava desligado.



PRATO QUE SE COME FRIO

James não apareceu no hotel... Rejeitado e  humilhado, Érico estava com sede de vingança, precisava descontar em alguém. O jovem rei tronado ainda no quarto do hotel pegou seu celular e ligou para Paco, o primeiro garoto com quem saíra e torturara.

Ofereço a você R$ 1.800,00 reais para vir até São Paulo para um encontro comigo, sem violência! Te aguardo no hotel.

Paco, por sua vez confiou no jovem rei e saiu de Campinas com destino a São Paulo, ao chegar no hotel e no horário marcado deu de cara na porta. Érico havia ido embora, constatou que havia caído no golpe do falso programa.



O AVISO

Eduardo, meu amigo, aqui é o Paco, lembra do rapaz cadeirante?
Ele marcou comigo ontem num hotel em São Paulo, fez eu pegar estrada de Campinas para capital e chegando no local combinado ele não estava. Eu liguei para ele, o celular estava desligado, depois de muita insistência consegui contato e ele falou que tinha ido embora.
Avise seus amigos do interior para não aceitarem programa com ele, ou se aceitarem exijam uma porcentagem adiantada para não ficarem no prejuízo, como fiquei.

Ao receber o aviso de Paco, tentei contato com Érico para entender a situação, porém não obtive resposta. Depois de tantas negativas minhas para um novo encontro parecia que ele havia bloqueado meu perfil. Sem outra alternativa achei por bem encaminhar o texto de Paco e uma foto de Érico para dois grupos de GP’s no interior paulista, como um alerta para que outros garotos não caíssem no golpe do programa rentável. Dias depois, Érico me procurou no whatsapp.

Eduardo você enviou minha foto para seus amigos? Como você soube?

Expliquei a Érico que no interior a um grupo de garotos que trocam informações e James por sua vez havia falado que ia a São Paulo realizar um fetiche muito peculiar, conforme ele contou a história eu deduzi todo o resto. A partir daí travamos ma longa conversa e Érico admitiu ter pregado o golpe do falso programa em Paco, o motivo foi a rejeição e o golpe sofrido por James. Li tudo atentamente e repreendi a postura de Érico.

Você precisa ter mais cuidado com que contrata, além de apanhar de um garoto, você se colou em risco e não contente quis repetir a dose. Ofereceu mais dinheiro ao rapaz e levou um golpe, com raiva você desconta num garoto que não tem culpa das suas atrapalhadas?!

Eu sei, me desculpe, estou muito envergonhado. Você me ajuda a resolver esse problema com o Paco. Ele ficou com muita raiva do que eu fiz!

Acho que no mínimo você deve pagar ao Paco os gastos com a viagem de Campinas para São Paulo. Sugeri

Eu vou pagar, quando recuperar o dinheiro que adiantei para o James.

Você acha mesmo que ele vai te devolver? Você levou um golpe!

Eduardo, você pode falar com o James e pedir para ele me devolver o dinheiro? Assim que ele devolver eu repasso R$ 200,00 ao Paco.

Érico, sejamos francos, R$ 200,00 você usa para limpar a bunda! Até semana passada você estava oferecendo R$ 2mil para o James apanhar e agora fica regulando pagar 10% ao Paco que entrou nessa de gaiato?

Com um desfecho infeliz, James excluiu seu whatsapp e ficou com o dinheiro pago por Érico, que por sua vez não pagou Paco pela viagem de Campinas a São Paulo. O rei tronado temeroso da revelação de sua identidade prometeu abandonar a tara por violência, porém será difícil controlar os desejos de sua mente, ele é perturbado e aficionado por torturar a humanidade na busca pela cura de sua alma revoltada. Torturar o próximo como joguete é apenas um alento até encontrar uma nova vitima disposta a vender seu corpo e sua alma. O rei tronado não perdeu a coroa, ele ainda aguarda um vassalo para sua masmorra.

E você, qual seu peso em ouro?

O  garoto errado.

22 de jan. de 2017

PRAZER E BRUTALIDADE



O maior amor é o não correspondido. Cresce para aumentar avidez da carne; tortura para valorizar o prazer. [Honoré de Balzac]

Era dezembro de 2015, eu fazia mais uma temporada na capital, desta vez eram 12 dias consecutivos hospedado num flat próximo ao mais importante centro econômico de São Paulo, Avenida Paulista. O sexo em São Paulo é um exercício diário, por mais natural que possa parecer o sexo pago tornava-se um meio de sobrevivência e assim como um executivo que enfrenta transito, reuniões e uma rotina árdua no escritório, um garoto de programa tem sua rotina preso ao quarto de hotel revezando clientes. Com o tempo o corpo assimila um tipo de cartografia onde cada ponto tocado estimula um prazer e uma sensação, muitas vezes eu via um corpo como um mapa com rotas a serem exploradas. Engraçado não? Pode parecer mecânico, mas o exercício de certas atividades nos levam a catalogar movimentos, como numa linha de produção, na qual você executa rotineiramente as mesmas ações e sabe perfeitamente como executa-las.
  
Foram dias de muito movimentado com picos de até cinco clientes ao dia, meu corpo entrava em estado de prontidão a cada programa agendado, o que me salvou da solidão e depressão era estar em companhia do meu amigo Paco Gianetti, outro garoto de programa com que eu viajava. Revezávamos-nos no uso do quarto, além disso boa parte dos programas agendados eram realizados fora do flat, a domicilio ou em algum motel. Foi num desses agendamentos externos que conheci de forma impessoal um rapaz chamado Érico. Ele havia agendado um programa com Paco, que ao retornar para o flat tinha marcas por todo o corpo. Encontrei meu amigo todo dolorido, com marcas roxas de cinto e tapas, suas nagedas parecima duas almofadas roxas, tamanho eram os hematomas. Érico é um jovem cadeirante que tinha fetiche por hábitos de sadomasoquismo com requintes de violência profunda.

Segundo Paco o rapaz gostava de torturar e bater sem medir a força que empregava nos objetos utilizados, como cintos, cordas e mãos. Os resultados foram inúmeros hematomas que deixaram meu amigo dois dias de molho. Paco só aguentou a sessão de tortura pelo valor pago e por ter um porte maior do que o meu, ele possui quadril largo e bunda grande, sem contar nas costas e pernas grossas. Mesmo assim Paco disse que não voltaria a repetir a experiência.

Mesmo com pena do meu amigo fiquei intrigado por Érico e por seu fetiche, talvez eu aguentaria aquela sessão de tortura, doía só imaginar, mas ao mesmo tempo isso me excitava, tanto que disse a Paco que em caso de nova solicitação ele poderia me indicar, isso seria um desafio para mim. A temporada passou, fechamos a viagem com saldo mais que positivo e voltamos para nossas respectivas cidades. Lembro que antes passei em Curitiba para um último trabalho em 2015.

Meses depois, meados de julho de 2016 anuncie nova temporada em São Paulo, e dentre as inúmeras solicitações estava uma de Érico. Ele disse que havia sido indicado por Paco e queria fechar um encontro para realizar sua sessão de tortura. Nossos contatos aconteciam via whatsapp. Entretanto, mesmo com certo interesse Érico mostrava-se receoso por um encontro comigo, ele dizia duvidar da minha capacidade de aguentar seus fetiches pelo meu porte menor. As conversas não evoluíam muito, pareciam papos em circulo com as mesmas perguntas.

Érico: Você vai se vender por inteiro?

Érico: Especifique se vender “por inteiro”.

Érico: Quero te bater com cintos, amarrar, dar tapas na cara, no corpo. Sem limites!

Eduardo: No rosto eu não topo. Você pode bater no corpo, desde que não exagere deixando marcado como deixou meu amigo Paco.

Érico: Não sei se você vai aguentar. Eu gosto de bater forte.

Eduardo: Mas você curte pegação, beijos? Eu gostaria de conhecer esse lado, além da violência.

Érico: Sim, vou bater e depois transar com você.

As conversas se estenderam por dias, sempre com indícios que nos garotos de programa chamamos de “cliente caroço”, aquele perfil de cliente que nunca fecha nada, dividido em três estágios é possível detectar que trata-se de um falso programa. Estágio 1: O suposto cliente  liga ou chama por mensagem de texto com perguntas básicas: onde atende? Quanto cobra? Etc... – Estagio 2: A partir dessas respostas ele passa a falar de suas fantasias sexuais em textos longos, incluindo o envio de fotos de sua genitália ou vídeos garimpados na internet. Estágio 3: No dia seguinte ou horas depois ele retorna ao estágio 1, como se reiniciasse todo o processo.


O DESAFIO
Os dias se passaram e fui embora de São Paulo sem fechar nada com Érico. Entretanto eu queria entender o motivo pela sua tara por violência e passamos a conversar quase que diariamente. Em todos os diálogos era notório o discurso dominador de quem gosta de violentar o outro.
Apesar de seu gosto por violência Érico era um rapaz amigável, jovem e muito bonito de rosto, tinha traços fortes. Sua deficiência se deu por conta de um acidente de moto, desde então não recuperou os movimentos das pernas, mesmo assim não limitou ter sua independência, mora sozinho em um bairro nobre de São Paulo e trabalha na área de tecnologia da informação. Com nossos contatos cada vez mais corriqueiros sua fissura pelo lado sádico foi sendo desarmada com demonstrações de afeto.

Érico: Oi, tudo bem?

Eduardo: Bem e você?

Érico: Senti sua falta, como foi seu dia?

Eduardo: Corrido, muito trabalho, não parei em casa.

Érico: Você ainda vai deixar eu bater em você?

Eduardo: Sim, se você quiser...Somente o rosto que não vou concordar.

Érico: Não sei se você vai aguentar apanhar, mas quero te beijar.

Eduardo: Vou adorar conhecer esse seu lado.

Érico: Você é diferente. Você faz eu ver um outro lado...

Os meses se passaram e mantivemos contato com a cobrança dele para uma viagem a São Paulo. Por conta de um contrato de trabalho eu não tinha tempo livre para temporadas e passei atender somente em São José dos Campos e cidades próximas. Sempre aos finais de semana Érico me cobrava uma possível viagem a São Paulo, ou dizia que viria a São José dos Campos, mas eu duvidava e também não queria nada apressado, visto sua dificuldade para deslocamento e também por não me sentir preparado para atender seus desejos, mesmo tento quebrado a casca dura do jovem rapaz, ele ainda nutria o desejo de violência. Não que eu quisesse desarmar isso nele, afinal entendo o fetiche como uma vontade própria, a qual é saudável realizarmos, mas não queria ser um saco de pancadas sem algum limite estabelecido.
Mesmo assim a investigação continuava...

Eduardo: Você já namorou algum homem?

Érico: Por que, quer namorar comigo? Namora comigo!

Eduardo: Você é um cara interessante, mas não daria certo. Você gosta dar surras, eu jamais aguentaria isso.

Érico: Se você namorar comigo eu não vou te bater, você terá só meu carinho.

Eduardo: Não é essa a questão, quero saber se você namorou e como era.

Érico: Sim, já namorei um cara, mas terminamos por que precisei vir embora para São Paulo por conta do meu trabalho.

Eduardo: Na época você já era cadeirante?

Érico: Sim...

Eduardo: Você também batia nele?

Érico: não batia, era diferente. Só faço isso fora de relacionamento.

Eduardo: Mas se você gosta, se isso te excita e da tesão, por que não bater? Acho que ta sendo desonesto escondendo isso de um namorado, poderiam chegar num consenso, muitos casais gostam de algo mais sado, dominação...claro que havendo um limite.

Érico: Eu sei, mas eu bato por que tenho raiva, revolta...

Eduardo: Raiva do que?

Érico: Não sei, raiva... mas isso passa, com você eu não tenho essa vontade.

Eduardo: Perdeu o tesão em mim?

Ao entender um pouco sobre o desejo de Érico em externar a raiva que sentia pela peça que a vida lhe pregou, compreendi que não se tratava de um fetiche ligado somente ao prazer, mas de um sentimento de revolta pela condição na qual ele se encontrava. Embora ele seja um rapaz resiliente é algo que realmente muda nossas sensações. Mesmo assim Érico não deixou de ser um rapaz interessante. Com o passar dos meses nossos contatos ficaram cada vez mais estreitos e por mais de uma vez Érico se propôs a algo além do campo profissional comigo. Sempre teve minha recusa por entender que jamais iria suprir suas necessidades. Certa vez depois de tanta insistência dele cheguei a marcar uma pernoite, na qual eu viajaria numa sexta-feira para São Paulo e voltaria no sábado. Marquei hotel, verifiquei horário de ônibus com a condição dele confirmar tudo no dia. Érico não confirmou, como não respondeu as minhas mensagens, prevendo o incerto eu na última hora cancelei o hotel que devolveu o valor da daria. Érico apareceu depois no whatsapp e pediu desculpas pelo ocorrido. Prometi que só marcaríamos algo quando eu fosse em temporada para São Paulo.


Dezembro de 2016

Como de costume programei uma temporada em São Paulo aproveitando o período de férias, desta vez na cia de Caio e Daniel, dois integrantes do grupo White Boys, como de costume dividíamos o quarto durante nossa viagem e fazíamos uma escala de atendimento de acordo com os clientes marcados, tanto para atendimentos individuais como em grupo.

Érico: Você vai vir me ver? Vai ficar comigo?

Eduardo: Estou indo em temporada, para programas.

Érico: Já que vira como garoto de programa eu quero fechar um pernoite com você, quero que você se venda inteiro pra mim!

Érico marcou uma data, seria uma pernoite. No acordo do programa ele iria realizar seu fetiche utilizando cinto, cordas, daria tapas e mordidas, incluindo o corpo todo, com a regra de não deixar marcado de forma exagerada e ao final rolaria sexo. Na data marcada entrei em contato via whatsapp e Érico mais uma vez ficou de confirmar, era sexta-feira a noite, Caio e Daniel haviam saído para um bar e como havia esse compromisso fiquei preso no hotel. Passou quase duas horas do prazo combinado e Érico não deu sinal de vida, como não havia um plano B, decidi que se algum cliente me ligasse eu atenderia, visto o cancelamento de Érico.

O celular tocou, era Cássio, um cliente de Campinas que estava em São Paulo e perguntou se eu poderia antecipar nosso encontro para aquela noite. Confirmei o horário e como estava pronto avisei que ele poderia ir ao meu encontro, assim que Cássio chegou recebo uma mensagem de Érico:

Desculpe sumir, estou a caminho do hotel, devo chegar em 40 minutos.

Assustado e ao mesmo tempo irritado pelo sumiço de Érico me vi numa saia justa, dois clientes a caminho e eu tendo que contornar esse imprevisto. Peguei o celular e passei uma mensagem para Érico explicando que estava fora do hotel, visto o sumiço dele e minha espera de quase duas horas do período combinado, avisei que havia saído para jantar e deveria chegar em 1h30. Embora ele não tivesse gostado eu deixei claro que a omissão partiu dele. Enquanto isso Cássio avisou que estava na portaria do hotel. Recebi Cássio normalmente e como havia mais de um ano que não nos víamos, ele quis conversar um pouco para depois partirmos para o sexo. Cássio não curtia nada apressado então precisei agir de forma natural ao passo que ouvia o celular vibrar discretamente com as cobranças de Érico.

Ao termino do programa notei que não conseguiria chegar em 1h30 e disse que já estava a caminho, enquanto na verdade me arrumava para sair do hotel. O motel marcado por Érico era bem distante, mesmo com UBER só de trajeto foram 30 minutos.

Ao chegar na porta da suíte, tire a roupa, fique de joelhos, só de cueca com o cinto em volta do pescoço. Disse ele por mensagem de texto.

Haviam passado duas horas do combinado, a essa altura eu já imaginava o que estava por vir. Cheguei ao motel, me dirigi ao quarto, entrei pela porta da garagem, tirei minha roupa e como ordenou fiquei de joelhos, usando cueca com o cinto em volta do pescoço. Bati na porta e esperei...
Um minuto depois a porta se abriu, como estava de cabeça baixa eu só pude ver um faixo de luz e ouvir o som da cadeira que se aproximava...


CONTINUA...


O garoto errado