29 de jul. de 2016

O SEXO QUE NINGUÉM VÊ


Não há paixão mais egoísta do que a luxúria. [Marquês de Sade]

Ainda é difícil entender como muitas pessoas marginalizam o sexo...Desde que mundo é mundo o sexo permeia a consciência humana, seja de forma pura ou até mesmo sacra, o sexo movimenta a humanidade. Nesses anos como Eduardo White conheci inúmeras histórias e razões para acreditar que a humanidade pensa em sexo mas nega sua essência, convivo com homens e mulheres em diferentes contextos pertencentes as mais diversas classes sociais, níveis hierárquicos e intelectuais, que veem no sexo a forma de expressar seus desejos.

Empresários, esposas, padres, estudantes, metalúrgicos, fetichistas e religiosos, TODOS...em um dado momento se rendem ao prazer da carne, talvez o prazer do dilema pelo livro sagrado que vê o sexo como meio de reprodução humana, em tempos remotos antes de Cristo numa sociedade machista, na qual um único homem tinha dezenas de esposas em prol da procriação, e tudo que convergia fora da regra como SODOMA E GOMORRA era queimado pelo fogo vindos do céu...Os vestígios eram estátuas de sal mudas em um silêncio imposto pelo divino.

SEXO, como definir esse reflexo do desejo presente em nossa essência?

Nesta temporada em São Paulo recebi um convite inesperado. A emissora de TV “REDE TV” com a missão de fazer uma matéria para o programa “Documento Verdade” com o tema “A profissionalização do Garoto de Programa no mercado do entretenimento adulto” me convidou para uma entrevista onde eu pudesse falar da minha profissão como GP e como utilizo as ferramentas de trabalho para me promover e conquistar uma certa carteira de clientes. A ideia central é abordar a vida e o trabalho de acompanhantes masculino que cada vez mais investem nesse mercado e destacam-se no entretenimento adulto. A principio nada de errado se não fosse por outros programas que já tentaram abordar o assunto e caíram no sensacionalismo da marginalização dos garotos de programa. Por isso, antes de aceitar o convite da referida emissora refleti muito a respeito, pois temia, “ainda temo” sobre o enfoque que será dado ao assunto.

Em alguns e-mails trocados com a produtora do programa, deixei claro que se o foco fosse “MAIS DO MESMO”, ou seja, mostrar garotos sem prumo, com histórias sofridas e uma vida miserável, de consumo, drogas, depressão e marginalização, não haveria absolutamente nada de novo. De fato há esse lado obscuro, mas menosprezar o sexo e os garotos de programa de forma generalizada seria cair “mais uma vez” para o sensacionalismo.
Hoje o sexo comercial por meio dos profissionais acompanhantes atingiu outro patamar e se há oferta é por que há procura, para isso basta checar os números, em 2015 o mercado sexual cresceu 14% no Brasil, envolvendo a expansão de sexy shops, casas de swing, saunas, sites de classificados online, feiras e eventos dedicados ao sexo e fetiches.

Colocados alguns pontos decidi participar da gravação sem expor meu rosto; A gravação ocorreu na tarde de quinta-feira (21/07) no Parque Trianon, reduto de muitos garotos de programa em São Paulo, talvez uma escolha errônea para falar de um mercado promissor, mas como havia sido sugerido pela produção do programa não vi problema.
O fato é que existem profissionais e profissionais, tentei fazer meu papel, falei a respeito da minha experiência e de como o sexo entrou e evolui na minha vida. As perguntas foram baseadas e focadas no mercado para profissionais masculinos e como fazemos para nos diferenciar em meio a tanta oferta no mercado. Além disso foram abordados os principais gostos dos clientes que procuram um GP e os investimentos necessários neste mercado.
Em parte da entrevista expliquei que embora a sociedade ainda veja o profissional do sexo como um trabalhar a margem, esse cenário foi reconfigurado. Hoje é imprescindível que um Garoto de Programa saiba “além de transar e satisfazer seu cliente”, também agregar conhecimentos sobre mercado financeiro, estratégias de marketing, atendimento e fidelização de clientes e claro, traçar metas, pois é uma carreira com prazo de validade.
Enfim, agora é esperar o programa para conferir o conteúdo, pois além de mim creio que entrevistaram outros rapazes e clientes. Oremos pela mão do editor neste material. =]
Sobre a equipe posso dizer que todos foram educados, bem humorados e souberam lidar com o tema de forma leve e descontraída.

Os dias em São Paulo foram intensos. Felizmente não tenho tanto tempo de ócio quando faço temporadas a capital e todos clientes com quem encontro são pessoas cordiais, que além da busca pelo sexo me fazem Cia com boas conversas.

Pensando sobre o tema da entrevista segui com a temporada atendendo a diversos clientes, grande parte eram clientes fixos e de temporadas passadas, haviam também alguns novos que me procuravam pela primeira vez. Cada um com uma bagagem, sempre após o sexo e um banho conversávamos, as histórias iam desde dramas familiares com partilhas de bens, términos de namoro ou apenas amenidades do dia a dia. Em cada homem ali presente havia uma necessidade de explorar algo em sua sexualidade, ora obscura, ora fruto de um desejo além das convenções sociais. O que havia de comum em cada programa era que eu não conseguia mais me blindar e sempre íamos além de um mero programa sexual.

Reservei o domingo para tomar café fora do flat e passear pela Avenida Paulista, precisava sair e respirar outros ares que não fosse o cheiro de sexo do meu quarto. Fazia sol e haviam centenas de pessoas subindo e descendo a avenida, famílias, crianças, pets, casais de diferentes gêneros, artistas de rua...tudo culminando com a passagem da tocha Olímpica. Caminhei sem pressa e sem me preocupar com o celular, parei em algumas bancas, namorei alguns quadros e obras e já próximo do MASP resolvi entrar na fila comprar um ingresso e conhecer o cartão postal ícone da Paulista.

Haviam três exposições, entre elas “Histórias da Infância”, retratando diversos períodos e múltiplas representações da infância, desde brincadeiras, comportamento, até a morte.

Porém, foi no piso superior que constatei que embora os séculos passem, a humanidade persegue inúmeros anseios, como o divino, o conhecimento, o desejo e a sexualidade. Embora as convenções sociais fazem grande parte de nós reprimir esses espasmos estamos sempre transgredindo as regras, isso constatamos tanto em passagens bíblicas mas também na arte. A exposição “Acervo em Transformação” apresentou 119 obras vindos de diferentes museus, abrangendo um arco temporal do século 4 aC a 2008. Com telas suspensas era possível o expectador ter uma visão de 360 graus, com a imagem a sua frente e um breve resumo sobre o artista e sua obra atrás da moldura. Entre inúmeros nomes consagrados como, Pablo Picasso, Pietro Perugino e Di Cavalcanti, havia também obras de brasileiros. 

Em algumas telas o tema homossexualidade e sexo era bem nítido, como a imagem de São Sebastião na coluna (1500 a 10) em que Perugino traz a figura do Santo com o corpo nu, sem pelos, envolto a um tecido, e o rosto com traços delicados sugerindo uma imagem homoerótica. Ou a tela “O Casamento Desigual” representando um casamento de convenções, por interesses no qual uma jovem casava-se com um velho, ela por sua vez interessada em sua riqueza, ou seja, vivemos apenas a repetição dos séculos.
No campo da homossexualidade a tela mais emblemática do salão era “Marte e Vênus, com uma roda de cupidos e passagem”, (1605-10), de Carlo Saraceni. Na obra, Marte, deus da guerra, é retratado desarmado e em cena íntima com Vênus, ambos roedados de cupidos, que usam a armadura de Marte como brinquedo.

Ao final do passeio sai do museu certo de que o embora o tema “SEXO” seja tabu para muitas pessoas e culturas, é algo que não conseguimos negar, pois trata-se de uma necessidade fisiológica, como comer e dormir. Portanto, podemos até reprimir o “sexo” por algum tempo, mas não o tempo todo, é um assunto presente em nosso dia a dia. Seja o sexo visto por mera forma reprodução da casta, prazer, transgressão, fetiche, perversão ou devoção, o sexo nasceu com a humanidade e assim será. Como a bíblia diz: “Nosso corpo é como um templo”, cabe a nós habitarmos da melhor maneira possível. Um garoto de programa usa seu templo em beneficio próprio, desde que respeite seus limites e os limites do outro.

No caso de um Garoto de Programa temos no sexo uma moeda de troca, algo que se analisarmos a fundo não é novo. A humanidade também já comercializa o sexo de diferentes formas e interesses, seja por ascensão profissional, interesses matérias ou mero entretenimento, as pessoas se vendem sem se dar conta e erroneamente classifica ou julga quem o faz por dinheiro vivo, sem se dar conta que reproduz esse comportamento tão medieval, mas com outros motivos.





O garoto errado


19 de mai. de 2016

A IMAGEM E O DESEJO



A fotografia nunca se revela por inteiro quando você se desmancha por alguém. Essas relações lembram uma foto polaroid: a imagem vai aparecendo aos poucos. Algumas coisas se distanciam do sentimento original, mas isso é a vida. [Mia Farrow]


Conheci Shaffer num aplicativo onde ele anunciava buscar homens para serem fotografados, perguntei qual era a situação e ele me apresentou o projeto Lightrapping, com registros fotográficos de homens nus em locais públicos. Conversamos durante alguns dias, falei a ele sobre meu trabalho como garoto de programa e a partir daí surgiu o convite para fotografar o grupo White Boys em São Paulo.

Lightrapping tem como característica traçar uma cartografia do fotografado por meio de um bate papo informal onde padrões éticos e morais são deixados de lado para revelar aspectos pessoais e íntimos. A ideia é fornecer ao fotógrafo informações para que ele a partir de uma série de conversas possa propor e criar imagens. As fotos frequentemente são feitas com obturador em velocidade baixa, utilizando luz e sombra, iluminação noturna, lugares inusitados e corpos nus.

As fotos foram produzidas dentro de um apartamento em São Paulo, logo após um ensaio sensual do grupo para o site White Boys. Eduardo, Caio, Lucas e Victor despiram-se de uma forma diferente para que Shaffer pudesse clicar seus corpos em diferentes ângulos, buscando compor imagens a partir das características físicas de cada um.

Shaffer é um homem bonito e a temática desafiadora de seu projeto aliadas ao desejo torna-se ingrediente chave para que seus modelos revelem segredos escondidos. As conversas são pontuadas a níveis que levam a excitação que são maiores ou iguais ao desejo de ser tocado pelas lentes de Shaffer. Lightrapping da vazão ao nu consensual e obscuro de cada um.

Acesse o site do projeto e confira o ensaio dos White Boys e de outros homens que já posaram para as lentes de Lightrapping.


Acesse: 
www.lightrapping.com


O garoto errado









9 de mai. de 2016

CHIEF EXECUTIVE OFFICER



Eu gostava do desafio de abrir a porta para um desconhecido e fazer daquele momento um dos mais inesquecíveis da vida dele. Eu gostava de todo dia viver uma história nova, inesperada e imprevisível. Eu gostava do sexo. (Karin– O Negócio)

Seja qual for seu negócio com o tempo novos rumos são necessários, na prostituição não é diferente. Com a criação do White Boys a título de curiosidade o grupo passou a ser assediado por muitos homens. Em pouco tempo a notícia se espalhou, o site passou a ter centenas de acesso e especulações começaram a surgir.

Muitos de meus clientes que antes saiam somente com Eduardo, passaram a se aventurar com Caio e Lucas sob minhas indicações. Programas em duplas e trios eram mais recorrentes e sair do lugar comum deixou de ser uma exceção e passou a ser um hábito. Fetichistas, sadomazoquitas, românticos, ninfomaníacos, tímidos e casais passaram a realizar a fantasia de transar com dois ou mais garotos a partir do trio de WB.

Por falar em lugar comum, era hora de lançar Caio e Lucas ao abismo. Marquei a primeira temporada dos garotos em São Paulo, levei a ideia aos dois, conversamos a respeito de buscar novos horizonte e ambos toparam a viagem. Uma escada só pode ser explorada e media que avançamos mais degraus. Se deu certo comigo em algum momento dará certo com vocês. Tudo que aprendi nessa profissão foi sozinho e por não ter medo de arriscar. Expliquei. 

Ao desembarcar em São Paulo não perdemos tempo e nos dirigimos para o hotel. Lucas tinha uma agenda para às 15h com Oscar, um cliente veterano que gostava se ser passivo, mas era bem apertado e eufórico na cama. Ele adorava morder as orelhas desavisadas. Enquanto Lucas se divertia com Oscar, eu e Caio estávamos no quarto em frente assistindo TV. Um tempo depois recebo uma mensagem de Lucas pedindo que eu fosse ao quarto, Oscar queria me ver. Me aprontei e bati na porta.

Ao entrar no quarto Oscar me recebeu nu, avistei Lucas deitado. O quarto estava quente com cheiro de sexo. Oscar sorrindo me abraçou.

Edu, desculpa pedir para te chamar, mas não pude deixar de lhe dar um abraço e agradecer por esse garoto. Que primor, que delicia! Você também é uma delicia Edu. Como você ta de tempo? Quer se juntar a nós? indagou

Rindo eu agradeci mas declinei do convite. Obrigado Oscar, que bom que você gostou dos garotos.  Bom, como você não cogitou algo em dupla eu não me preparei, prefiro deixar vocês ficarem a sós, se divertirem, logo terei que sair. Mas garanto que teremos outras oportunidades. Expliquei e me despedi para que continuassem o programa.

Entre os clientes marcados em minha agenda havia Dionizio. Um homem de meia idade, bonito e com um desejo especial. “QUERO ME SENTIR DESEJADO!” Disse ele ao confirmar o programa com o Trio WB.

Eduardo, você precisará me ajudar. Tenho medo de travar na hora e ficar tímido!

Fique tranquilo, faremos tudo correr bem...

Inicialmente eu ia marcar somente com você, por tudo que já li a seu respeito. Já tive experiências frustrantes com outros garotos. Pelo que dizem você é especial e faz valer a pena.

Dionisio assim como os outros não entendia que eu não fazia nada demais... Eduardo tinha aprendido na cama que um produto não precisa ter nada de especial, quem tem que ser especial é o CLIENTE, é quem consome o produto. E no dia do encontro, não demorou muito  para  ele se sentisse desejado por mim, Caio e Lucas, deitado entre nossos corpos ele foi beijado, chupado e tocado em diferentes ritmos. Seu corpo pulsava de prazer, e em certos momentos davam espasmos de arrepios. Ele foi penetrado pelos três, seus olhos claros não piscavam e só relaxou depois que ejaculou muito.

A temporada seguir num fluxo interessante. Entre o revezamento de clientes houve também uma bela pernoite entre Dom Quixote (é como chamo um cliente veterano que tem traços e barba característica de uma bela ilustração da história de Miguel de Cervantes.
Dom Quixote sempre fechava pernoites regadas a vinho e muita conversa. Na ocasião ele perguntou a mim se eu gostaria de trazer um dos garotos e quem eu indicaria. Conhecendo seus gostos por lisos e passivos indiquei o Caio, que não é tão passivo, mas sob minha batuta topou o desafio.
A tensão dele era tanta diante do fato e fazer passivo que ele não quis jantar. Eu assegurei que não era necessário esse jejum.

Caio, esse cliente gosta de conversar pelo menos duas horas e tomando vinho. É uma pernoite, ele não tem pressa para transar. Até lá você já fez digestão, se ficar sem comer você vai sentir fome.  Expliquei

Caio, eu se fosse você comia algo. Alertou Lucas

Não quero arriscar. Não vou jantar essa noite! Disse ele.

No horário marcado Dom Quixote nos pegou na porta do hotel. Ao chegar em seu apartamento tiramos nossos sapatos, ele pegou uma garrafa de vinho tinto, nos serviu, sentou-se entre mim e Caio e ligou a TV no canal Masterchef deixando a TV sem áudio. Começamos a conversar e o primeiro assunto foi como andava a vida, logo ele quis saber sobre o grupo WB e assim por diante. Durante a conversa os olhos de Caio estavam voltados para a TV, ele praticamente foi torturado com os belos pratos que passavam no Marterchef. Eu tive que me segurar para não rir dele. Foi cômico para não dizer trágico. Caio sentado diante de uma TV de 40 polegadas, vendo deliciosos pratos em jejum na espera por ser passivo.

Após uma longa conversa começamos a nos pegar, o beijo quente de Dom com gosto de vinho era suave e logo mudou o clima. Nossas bocas se revezaram e logo fomos para cama. Com muito cuidado ele penetrou Caio que após alguns minutos cavalgou em seu pau grosso e cabeçudo, logo depois foi minha vez. Dom encaixou seu pau, empurrou e segurou em minha cintura fazendo eu cavalgar mais forte, ele segurou ao máximo para não gozar e depois que penetrou ambos por um longo tempo sentiu-se apto para ejacular satisfeito pelo feito da noite.

Eduardo e Caio, olha, não esperava que fosse tão bom assim. Posso garantir que esse grupo de vocês realmente tem potencial para realizar as fantasias de muitos homens. Decretou Dom Quixote.

Após um banho quente ele avisou que nos deixaria no hotel pois uma amiga o avisou de ultima hora que passaria pela manhã em seu apartamento. De volta ao hotel Caio não hesitou em pedir uma massa para comer. Rimos muito falando do canal e da tortura que ele passou em assistir Marterchef.

A temporada em São Paulo foi interessante por apresentar aos garotos um novo cenário. Além disso pude passar algumas orientações sobre como organizar uma agenda, reservar um hotel, pensar num quarto, como negociar e se locomover em São Paulo, entre outras demandas.

De volta a São José dos Campos fizemos um balanço da temporada com objetivo de organizar uma próxima viagem. Com a devida apresentação dos garotos a capital já poderíamos pensar em novas temporadas, mas antes era necessário renovar o material, com novas fotos, novas ferramentas de trabalho e novas estratégias.

Eduardo White
O garoto errado

8 de fev. de 2016

SENSUALIDADE CAPTADA E ALMA CORROMPIDA


"O que a arte realmente espelha é o espectador, não a vida”.
Texto do prefácio da obra “ O retrato de Dorian Gray”.


Entre a fantasia e a realidade muitas pessoas imaginam que todo ensaio sensual há uma sessão de sexo explicito entre o garoto de programa e fotógrafo. Sempre nos fazem a pergunta clichê “Você transou com o fotografo que fez seu ensaio?”.  Isso pode acontecer, mas varia muito do acordo deito entre fotografo e gp, não é uma regra trocar sessões de fotos profissionais por sexo. Depende tanto do fotografo quanto do GP.

O primeiro ensaio profissional de um garoto de programa é sempre o mais temeroso, trata-se de um momento de exposição no qual temos que transparecer sensualidade e segurança. A lente que nos observa não olha somente o corpo nu, mas é capaz de vasculhar nossas mais obscuras fraquezas. Ser observado é tão difícil quanto ser tocado, você fica vulnerável, solitário e precisa transmitir virilidade a um olhar anônimo.

É como captar a alma de um ser em transformação. A identidade de um garoto de programa não nasce da noite para o dia, são etapas que vão se concluindo a cada cliente atendido ou vivência adquirida. O auto-retrato pode ser considerado uma delas. Se observarmos os primeiros ensaios de muitos garotos podem revelar ainda a inocência em seu olhar, a media que o tempo passa e esse garoto vive sua vida dupla e registra sua mudança com outros ensaios fotográficos seu olhar já não será mais o mesmo, malícia, cobiça, desejo e ganância vão sobrepor a inocência que outra ele tinha.

Na obra “O retrato de Dorian Gray”, escrita por Oscar Wilde é possível ver essa briga entre inocência e prazer, desapego e vaidade. A história se passa em Londres e conta  sobre Dorian Gray, um jovem de 18 anos, ingênuo dono de uma beleza física inimaginável.
Pertencente a classe burguesa, Dorian é levado à alta sociedade por Lord Henry Wotton, um aristocrata corrompido e cheio de vícios, que lhe apresenta o pintor Basil Hallward.
O pintor logo se encanta pela beleza e inocência do rapaz e o vê como fonte de inspiração para pintar seu retrato na busca da perfeição. Cada vez mais fixado pela beleza do rapaz, Basil conclui o quadro e o apresenta a alta sociedade. O retrato revela tamanha beleza que deixa todos estupefatos, parecendo mesmo que Basil conseguiu captar a própria alma de Dorian Gray.
Ao ver seu retrato pintado Dorian fica encantado e sofre a primeira influência de Lord Henry, fazendo com que Gray tome consciência de sua beleza e do valor de sua juventude, iniciando-o assim num mundo de vícios e desregramento.

Lord Henry: O senhor dispõe só de alguns anos para viver deveras, perfeitamente, plenamente. Quando a mocidade passar, a sua beleza ir-se-á com ela; então o senhor descobrirá que já não o aguardam triunfos, ou que só lhe restam as vitórias medíocres que a recordação do passado tornará mais amargas que destroçadas.

Ao ouvir estas palavras, Dorian Gray observa a obra pronta e, constata tristemente, que aquele retrato manterá aquela beleza juvenil para sempre ao passo que ele envelhecerá e, neste momento, expressa o desejo de ser eternamente jovem,nem que para isso tenha que dar sua alma! A partir de então Dorian não mais envelhece, segue a vida na companhia de Henry, influenciado por suas palavras, seduz, destrói vidas, torna-se egoísta e todos os pecados que comete e a idade que chega são demonstrados no retrato, cada vez mais terrível escondido no porão de sua casa como um segredo obscuro.

Quando iniciei como garoto de programa os primeiros retratos foram feitos com a câmera de um celular e um espelho. Selecionadas as fotos eram editadas com efeitos de luz e contraste buscando melhorar a qualidade para serem postadas em blogs e anúncios. Com o tempo e as experiências adquiridas passei ser abordado por inúmeros fotógrafos, quase todos os casos queriam sexo em troca de algumas fotos. Propostas essas que eu não aceitava por não acreditar no profissionalismo que aquela sessão poderia resultar.

Tempos depois fiz meu primeiro ensaio profissional com um amigo, não houve sexo e lembro que me senti bem a vontade por conhecê-lo. O resultado foi satisfatório e o material me ajudou muito. Já morando em São Paulo fui contato por um outro profissional que ofertou seu trabalho sem exigência de sexo, apenas o crédito das fotos e o anúncio em meu blog que na época recebia centenas de acessos diários. A sessão levou cerca de quatro horas, resultando em 600 fotos em meu estúdio, explorando alguns ambientes. Ao final, já empático e atraído pelo jovem rapaz que me fotografava eu também expressava cansaço devido as horas trabalhadas. O sol se punha na imensa janela do meu apartamento, quando ele com sua boca quente engoliu meu pau e vagarosamente sugava com movimentos de vai e vem me excitando para os clique finais. O resultado foi uma transa gostosa e um café no fim da tarde.

Meu último ensaio foi realizado em Campinas. Era uma tarde de domingo, quando Heleno me chamou no skype e se apresentou como fotógrafo. A temporada estava terminando, eu já havia atendido quatro clientes e decidir encerrar o expediente, porém precisava de novas fotos para um book atualizado, só restava saber o que eu precisaria dar em troca para Heleno, dinheiro ou sexo? Ele foi categórico e disse que nem uma coisa, nem outra. Era um leitor do meu blog e me acompanhava em outros sites, se mostrou interessado em apenas fazer um ensaio e ter sua primeira experiência com ensaios sensuais. Topei!

Cerca de 40 minutos depois Heleno chegou ao flat, era um jovem rapaz, usando camisa xadrez, bermuda e sapato, branco, corpo bem desenhado, cabelos curtos e barbado, portava uma bolsa com seu equipamento. Nos apresentamos, ofereci água e enquanto ele preparava sua câmera, testava lentes e luz ambiente, eu fiquei na sala fazendo algumas flexões e abdominais para tonificar o corpo ficar mais enrijecido para as fotos.

Começamos na cama, enquanto eu ia me soltando e me despindo, Helano clicava de vários ângulos, vê ou outra parava para me mostrar como o resultado ia ficando. Logo no início eu pude perceber que a definição e luz do equipamento eram boas.  Ao ir me despindo diante da câmera Helano mostrou-se profissional com seu olhar em meu dote buscando os melhores ângulos. Fiz fotos vestido, e sem roupa, com membro relaxado e enrijecido e me sentia a vontade em me exibir para o jovem Helano, que não avançou o sinal em nenhum momento. Com o passar do tempo e já cansado eu sugeri.

Se você quiser pode me tocar para me ajudar.  Seria bom...

Helano pôs a câmera na cama aproximou-se e com uma das mãos pegou a base do meu pau fazendo movimentos lentos de vai e vem, seu olhar levou sua boca a glande do meu pau e com chupadas suaves eu sentia sua boca quente e seu desejo, me deixando em ponto de bala para mais fotos.  A partir daí o procedimento passou a ser repetido em outros cenários, Helano chupava meu pau como um sorvete na taça, sua boca engolia da base a glande e com mamadas suaves ele me enchia de tesão para mais cliques.
Ao final eu tirei toda sua roupa, o coloquei de bruços e deitei meu corpo sobre o seu. Ele não quis ser penetrado, se disse muito apertado, mas ao menos pode sentir e gemer com nossos corpos colados e meu pau duro por entre suas pernas e nádegas.

Assim como Dorian Gray, tive minha beleza e sensualidade captadas em imagens. A ingenuidade de tempos atrás já se perdeu e o que sou hoje é um jovem modificado pelas habilidades que a profissão de Garoto de Programa nos impõe. Mesmo que eu seja tocado pela vaidade, luxuria, ambição e outras mazelas da humanidade, uma coisa será certa. Minha alma não será vendida pois a paz de espírito é muito preciosa para ser barganhada.

O Garoto Errado
garotoprivado@hotmail.com